Líder da oposição na Câmara, o deputado federal bolsonarista Carlos Jordy (PL-RJ) está entre os alvos da mais recente fase da operação Lesa Pátria, desencadeada pela Polícia Federal (PF) na manhã desta quinta-feira (18).
De acordo com a PF, estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão na casa de Jordy, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, e em seu gabinete, no Congresso Nacional, em Brasília.
Ao todo, estão sendo cumpridos 10 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no Rio de Janeiro (8) e no Distrito Federal (2).
Segundo informações do Blog da Camila Bonfim, do G1, os investigadores identificaram mensagens trocadas entre o parlamentar e golpistas que praticavam atos contra a democracia entre 2022 e 2023. Nas mensagens, haveria inclusive orientações dadas por Jordy aos golpistas.
A PF destaca que o foco desta 24ª fase da Lesa Pátria é identificar os “mentores intelectuais, financiadores e incitadores” dos atos antidemocráticos ocorridos na capital federal entre outubro de 2022 e janeiro de 2023.
O deputado também é suspeito de promover os atos antidemocráticos que contestavam o resultado das eleições presidenciais no ano retrasado, como bloqueios das rodovias no interior do Rio de Janeiro.
Quem é Carlos Jordy?
Carlos Roberto Coelho de Mattos Júnior, apoiador de carteirinha do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), está atualmente em seu segundo mandato consecutivo como deputado federal. Concorreu nas eleições de 2018 ao cargo de deputado federal pelo estado do Rio de Janeiro, sendo eleito o 4° candidato mais votado para o cargo neste estado com 204.048 mil votos (2,64% dos votos). Ele conquistou a reeleição em 2022, garantindo mais de 114 mil votos no estado do Rio de Janeiro.
Nascido em Niterói (RJ), Jordy, com 41 anos, teve uma trajetória política anterior como vereador em sua cidade natal de 2017 a 2019 e, atualmente, é pré-candidato à prefeitura.
Em 2004 ingressou na Universidade do Vale de Itajaí, na qual ganhou o diploma de Bacharel em Turismo e Hotelaria.[
Iniciou sua carreira no serviço público em 2011, quando, após ser aprovado em 10º lugar no concurso de Analista de Planejamento e Orçamento da Prefeitura Municipal de São Gonçalo, foi lotado na Secretaria de Fazenda e passou a trabalhar na elaboração dos instrumentos orçamentários (Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias e Lei Orçamentária Anual) e na execução do orçamento do Município. Após um ano de exercício, foi nomeado Diretor de Divisão de Planejamento e Elaboração Orçamentária.
Estreou na política nas Eleições em 2016 a qual ele concorreu ao cargo de vereador por Niterói pelo PSC.
Em 2017, enviou ofício à administração central da Universidade Federal Fluminense questionando a permissão do uso dos banheiros femininos nos respectivos institutos por transexuais. O sindicato dos professores da A UFF aprovou uma moção de repúdio contra o então vereador e em defesa do direito às identidades sexual e de gênero.
Em fevereiro de 2018 saiu pré-candidato ao cargo de deputado federal, mas ele ainda estava no PSC e já demonstrava que iria trocar de partido, situação que foi definida em abril do mesmo ano em um ato de filiação dele ao PSL, realizado na Câmara Municipal de Niterói, evento este que reuniu militantes do partido e o então pré-candidato ao Senado pelo Rio de Janeiro Flavio Bolsonaro. Sua candidatura recebeu apoio do então candidato à Presidência da República pelo PSL, Jair Bolsonaro.
Em 2018, disputou as eleições para o cargo de deputado federal, tendo sido eleito com 204.048 mil votos (2,64% dos votos). Atualmente, também é servidor público federal, exercendo o cargo de Analista na área de licitações e contratos da Agência Nacional de Transportes Aquaviário.
Em seu perfil no Instagram, onde acumula 875 mil seguidores, o político expressa críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defende fervorosamente pautas alinhadas à direita.
“Acredito na família como o grande pilar da formação do caráter do indivíduo e dos mais nobres valores da sociedade. Por essa razão, devemos enxergar o núcleo familiar como instituição a ser respeitada e preservada”, diz ele sobre seus ideais em seu site, que também ataca corrupção na política:
“Mesmo que o sistema político esteja envenenado pela corrupção, pelas barganhas políticas, pelos interesses pessoais e partidários, pela disseminação da inversão de valores e pela falta de comprometimento com a sociedade, amo a política, pois acredito que ela seja o mais eficaz instrumento para a transformação sócio-econômica da sociedade. Mas para isso é preciso que seja feita uma restruturação dos atuais moldes que vêm sendo praticados, uma renovação, a começar pelos políticos, mudando as peças do tabuleiro.
É hora de apostar na nova geração, gente capacitada, competente, inconformados com a inércia e comodismo dos atuais políticos que nada fazem para mudar o sistema promíscuo e ineficiente que vivemos há anos. É hora de dar um voto de confiança para cidadãos como você, pessoas com muita garra e determinação para lutar pela mudança que você idealiza”.
Treta com Felipe Neto
No ano de 2022, Jordy enfrentou uma condenação da Justiça do Rio, sendo obrigado a pagar mais de R$ 66 mil ao youtuber Felipe Neto. A condenação ocorreu após Jordy associar o influenciador ao massacre ocorrido em uma escola pública de Suzano, na região metropolitana de São Paulo, em 2019.
“Quando digo que pais não devem deixar os filhos assistirem vídeos do Felipe Neto, não é brincadeira. Em 2016, ele fez vídeo ensinando a entrarem em sites da deepweb. Agora descobriram que os assassinos de Suzano pegaram as informações para o massacre num dos sites após assistirem ao vídeo”, escreveu o bolsonarista em 2019.
Ameaças a jornalistas
Em 2019, após a Vaza Jato ser divulgada pelo The Intercept, Carlos Jordy ameaçou de “deportação” o jornalista Glenn Greenwald. Jordy acusou o jornalista de cometer um crime contra a “segurança nacional”. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) disse que as “tentativas de intimidar e silenciar um veículo são ações típicas de contextos autoritários e não podem ser tolerados na democracia que rege o país.”
Já em 2021, o bolsonarista chamou o ministro Alexandre de Moraes de “vagabundo” e ainda ameaçou o jornalista Marcelo Macedo com agressão física ao defender o ex-deputado Daniel Silveira após sua prisão.
“Acabei de falar com o deputado Daniel Silveira e fiquei sabendo que sua prisão foi ordenada pelo vagabundo do Alexandre de Moraes por ele ter feito uma live criticando o Ministro Fachin. Não iremos recuar! Espero que o Presidente Arthur Lira aja com postura contra esses ditadores!”, tuitou na ocasião.
O jornalista Marcelo Macedo, da Anistia Internacional, então, ironizou: “Hahahah, quem olha assim até pensa que é valente. Pena que Niterói te conhece”.
O bolsonarista, por sua vez, reagiu chamando Macedo de “tanga frouxa” e o ameaçou, dizendo para o jornalista encontrá-lo em Niterói, ao que ele seguiu ironizando: “Deputado, você bate no meu joelho. Se dê ao respeito rs”.
“E sua mãe bate no meu saco, mas ainda assim a respeito rsrs. Vem aqui em Niterói, estou lhe convidando para uma luva, topa? Jura que lhe respeitarei se você me vencer na MÃO. Se você aceitar, aí faremos um evento para todo mundo saber quem é valente ou quem é macho de internet! Bora?”
Fonte: DCM com informações do blog da Camila Bomfim, do G1
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