domingo, 7 de janeiro de 2024

Relatos do Exército expõem posse de armas e provocação de golpistas nos acampamentos antes do 8/1


Atos terroristas de 8 de janeiro. Foto: Reprodução

 Em registros do quartel-general do Exército, localizado em Brasília, membros das Forças Armadas documentaram o aumento dos protestos pró-Bolsonaro após as eleições de 2022, confrontos e a presença de um canivete e uma arma de choque nas mãos dos manifestantes golpistas nos acampamentos em frente ao QG.

Dois meses antes dos eventos golpistas de 8 de janeiro, os registros já indicavam que carros, barracas e estabelecimentos comerciais estavam causando “desordem” em frente à sede do comando da força terrestre. Os documentos também registraram questões menores, como um vaso sanitário utilizado por militares entupido e a ausência de portas nos boxes dos banheiros.

“Em decorrência da manifestação na Praça dos Cristais [em frente ao quartel], foram observadas diversas barracas, tendas, banheiros químicos e demais estruturas de apoio por toda a área adjacente. Observou-se, ainda, comércio de gêneros alimentícios e vestuários no local. Por fim, existiam diversos veículos estacionados por toda a área verde da região, gerando desordem”, afirma o documento sobre a passagem do dia 7 para 8 de novembro.

Os relatórios também apontaram o aumento da violência entre os manifestantes acampados.

Durante a madrugada de 31 de dezembro de 2022, militares precisaram pedir reforço para conter manifestantes que tentaram parar um veículo e estavam fazendo “provocações”.

A equipe chegou tarde ao local, quando os apoiadores de Bolsonaro já haviam retornado ao acampamento, segundo as anotações feitas pelos militares.


Bolsonaristas no acampamento em frente ao QG do Exército em Brasília. Foto: Reprodução

Na madrugada de 9 de janeiro, horas após os ataques golpistas, 13 pessoas entraram no parque desportivo do Comando Militar do Planalto. Elas foram abordadas por um soldado e revistadas por um pelotão de reforço, que encontrou uma “arma elétrica de baixa potência” e um canivete.

Em comunicado, o Exército afirmou que a área invadida é “erma e afastada” da sede da Força, embora esteja a cerca de 1 km de uma das entradas do QG. A força terrestre ainda afirma que o acesso ao local ocorreu por “desorientação dos envolvidos, não tendo sido identificada a caracterização de dolo de invadir e/ou permanecer no local de forma irregular”.

O Exército destacou ainda que “atuou conforme as normas operacionais de controle de distúrbios civis” no dia 8 de janeiro para retomada do Palácio do Planalto. “Todos os fatos daquele dia foram apurados em processos administrativos, inclusive os narrados na demanda, e permanece acompanhando as diligências realizadas por determinação da Justiça e colaborando com as investigações em curso”.

As ações dos militares em 8 de janeiro foram alvo de questionamentos dentro do governo. Em 21 de janeiro, o presidente Lula (PT) alterou o comando do Exército em meio à crise de confiança gerada pelos ataques golpistas.

Uma das razões para a desconfiança do governo em relação aos militares foi a resistência para desmantelar o acampamento bolsonarista. Na noite de 8 de janeiro, o Exército montou uma linha de tanques e militares para bloquear a entrada de agentes da Polícia Militar, que haviam recebido ordens para encerrar a concentração golpista em frente ao QG.

Fonte: DCM

Nenhum comentário:

Postar um comentário