No lançamento da Nova Indústria Brasil, o presidente do BNDES citou uma 'histórica oportunidade' para o país neste momento e criticou o neoliberalismo: 'não resolveu o problema'
Presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante participa do lançamento da nova política industrial brasileira no Palácio do Planalto nesta segunda-feira (22), em uma reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), presidido pelo vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), e na presença do presidente Lula (PT). A reunião acontece para discutir e aprovar a nova política industrial brasileira, que traça as diretrizes para o desenvolvimento do setor até 2033. O anúncio representa uma iniciativa robusta para impulsionar a reindustrialização do Brasil, fortalecendo sua posição como potência industrial global.
Mercadante afirmou que "o Brasil está diante de uma janela histórica de oportunidades" em um momento em que "há um deslocamento das cadeias de valor semelhante ao que aconteceu depois da Segunda Guerra Mundial, que foram a crise de 2008 e a Covid que desencadearam". Na sequência, o presidente do BNDES fez críticas ao neoliberalismo e cobrou "uma nova relação" entre Estado e mercado financeiro. "Nesse deslocamento todos os organismos multilaterais hoje fazem críticas abertas ao chamado Consenso de Washington, ao neoliberalismo, à ideia de Estado mínimo, desregulamentação, privatização, mostrando que isso não resolveu sobretudo o problema dos países emergentes e em desenvolvimento. Não resolveu. Nós éramos o país que mais crescia no mundo durante 40 anos - é só olhar o período desses últimos 40 anos que essas ideias prevaleceram. Nós precisamos fazer um debate franco. Eu quero perguntar a esses que todos os dias escrevem dizendo que nós estamos trazendo medidas antigas: me expliquem a China. Por que a China é o país que mais cresceu no mundo durante 40 anos e nesse ano 5,3%? Me expliquem a política econômica americana: subsídio, incentivo, investimento público atraindo empresas, inclusive empresas brasileiras que estão indo para lá por esses subsídios, que recebem na frente, em dinheiro do Tesouro. A mesma coisa está acontecendo na União Europeia. Nós não temos como reerguer a indústria brasileira sem uma nova relação entre Estado e mercado. Não é substituir o mercado, não é não acreditar na importância do mercado, que é uma instituição indispensável no desenvolvimento econômico".
Mercadante salientou que o objetivo da nova política industrial lançada pelo governo é obter uma indústria mais inovadora, mais digital, verde, exportadora e produtiva. "Temos um conjunto de bancos públicos para dar suporte a essa estratégia, e eles são fundamentais, de forma coordenada, trabalhando sob a mesma diretriz".
O presidente do BNDES lembrou das seis missões estabelecidas pelo CNDI ainda em 2023 para indústria brasileira e garantiu que o plano de R$ 300 bilhões do governo federal para financiar a neoindustrialização "é o piso". "Ou a gente rega essa indústria ou nós não vamos ter um mercado de trabalho de emprego qualificado, com inovação em ciência e tecnologia. O Brasil é a 9ª economia, vai virar 8ª e pode ser mais do que isso. Mas sem indústria nós não chegaremos lá. Para ser um país menos desigual, mais moderno e mais dinâmico nós precisamos colocar a indústria no coração da estratégia, e essa é a orientação do presidente Lula e é o que nós estamos fazendo e entregando".
São as seis missões para a indústria:
- cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais para a segurança alimentar, nutricional e energética;
- complexo econômico industrial da saúde resiliente para reduzir as vulnerabilidades do SUS e ampliar o acesso à saúde;
- infraestrutura, saneamento, moradia e mobilidade sustentáveis para a integração produtiva e o bem-estar nas cidades;
- transformação digital da indústria para ampliar a produtividade;
- bioeconomia, descarbonização e transição e segurança energéticas para garantir os recursos para as gerações futuras;
- tecnologias de interesse para a soberania e defesa nacionais.
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