sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

Múcio diz que havia vontade de golpe, mas chefes militares não aderiram

 Ministro destacou que as Forças Armadas não tinham interesse em promover um golpe, apesar de admitir possíveis desejos individuais

José Múcio, Lula e Exército Brasileiro (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil | Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil | Ricardo Stuckert/PR)

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, concedeu uma entrevista ao jornal O Globo abordando os eventos do dia 8 de janeiro, quando manifestantes se dirigiram à Praça dos Três Poderes. O ministro relatou dificuldades na comunicação com os comandantes das Forças Armadas desde sua nomeação em dezembro. Segundo ele, o sucesso da posse presidencial no dia 1º de janeiro pode ter influenciado os eventos subsequentes. Múcio Monteiro negou a existência de lideranças nos protestos e destacou que as Forças Armadas não tinham interesse em promover um golpe, apesar de admitir possíveis desejos individuais. "Não havia um líder com quem negociar. Eram senhoras, crianças, rapazes, moças... Como se fosse um grande piquenique, um arrastão em direção à Praça dos Três Poderes. Foi um movimento de vândalos, financiados por empresários irresponsáveis", afirmou.


O ministro discutiu a possibilidade de decretar Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para controlar os distúrbios, mas o presidente Lula rejeitou a ideia, temendo o aproveitamento da situação para um golpe. Múcio Monteiro afirmou que espera que as investigações identifiquem os responsáveis pelos eventos e destacou a importância de puni-los para dissipar as suspeitas sobre as Forças Armadas.

Questionado sobre sua postura em relação à retirada dos manifestantes do Quartel-General do Exército, Múcio Monteiro defendeu a atuação de acordo com a lei e rejeitou a possibilidade de ação mais dura, alegando que poderia criar divisões nas Forças Armadas. Ele justificou sua demissão do comandante do Exército, Júlio Cesar de Arruda, e explicou o convite ao general Tomás Paiva para assumir o comando.

Ao abordar a relação atual do presidente Lula com os militares, o ministro afirmou que é positiva e destacou seu papel na pacificação das relações. Quanto ao seu futuro na política, Múcio Monteiro não confirmou se continuará no cargo, expressando gratidão pelo presidente e enfatizando o estímulo para contribuir na reconstrução do país.

Fonte: Brasil 247

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