O Partido Democrata tem se esforçado para ter bons resultados na região desde os anos 1960, época dos protestos por direitos civis
COLUMBIA, Carolina do Sul (Reuters) - Os democratas não têm chance de vencer na Carolina do Sul nas eleições presidenciais de novembro, mas o Estado é fundamental para as chances de reeleição do atual presidente, Joe Biden.
O partido espera que o novo papel da Carolina do Sul como sede da primeira eleição primária oficial da legenda, no dia 3 de fevereiro, aumente seu apoio entre eleitores negros. Autoridades do partido também veem o local como trampolim para uma nova e audaciosa estratégia: reconquistar o eleitorado do sul do país nos próximos anos.
O Partido Democrata tem se esforçado para ter bons resultados na região desde os anos 1960, época dos protestos por direitos civis. Mas o aumento da migração a Estados sulistas nos últimos anos e vitórias estaduais no Kentucky e na Carolina do Norte, além do triunfo apertado de Biden na Geórgia, em 2020, elevaram a esperança de que a legenda possa melhorar seu desempenho, a começar pela eleição geral de novembro.
Apesar dos números modestos no âmbito nacional, os democratas esperam que Biden possa vencer na Carolina do Norte, Estado que só deu a vitória a um democrata uma vez desde 1980. Há também a expectativa de que o partido possa levar um punhado de distritos eleitorais importantes no Sul. No longo prazo, lideranças miram vitórias para o governo e o Senado na Louisiana e no Mississippi.
No sábado, Biden visitará a Carolina do Sul pela segunda vez neste mês, para um jantar de comemoração das primárias. O evento ocorre após encontros com estrelas ascendentes da legenda, como o governador da Califórnia, Gavin Newsom, e o deputado Ro Khanna. “Das cinzas do Velho Sul, veremos, como uma fênix, o nascimento de um Novo Sul”, prevê o presidente do Comitê Nacional Democrata, Jaime Harrison, ele próprio da Carolina do Sul. "O impacto da Carolina do Sul não será relegado apenas às fronteiras da Carolina do Sul."
Mas reverter a balança no reduto republicano ali não será fácil. O presidente do Partido Republicano no Estado, Drew McKissick, afirma que as posições progressistas dos democratas em todos os temas — da economia aos costumes — causam repulsa aos eleitores mais conservadores da região. “Ter uma primária antecipada não ajudará o partido deles a crescer em um Estado quando as raízes do problema são suas posições sobre os temas”, afirmou.
A primária republicana da Carolina do Sul está marcada para 24 de fevereiro, após disputas em Iowa, New Hampshire e Nevada. O ex-presidente Donald Trump é o franco favorito para obter a indicação do partido para concorrer contra Biden em novembro.
Com uma população de 5 milhões de habitantes, a Carolina do Sul está entre os Estados norte-americanos com menor renda e nível educacional. Mas sua população cresce em proporção maior do que em qualquer outro ente da Federação. Isso ocorre porque alguns norte-americanos preocupados com a inflação e cansados da pandemia, inclusive os aposentados, procuram um lugar com menor custo de vida e clima subtropical, mais quente, para viver. O desemprego é de apenas 3%, um dos menores da história.
A última vez que o Estado foi vencido por um democrata foi em 2008, com Barack Obama. Em 2020, Trump derrotou Biden por quase 12 pontos percentuais.
Os democratas creem, no entanto, que o Estado relativamente barato para contratar pessoas e fazer campanha possa servir de teste para cultivar novos talentos na política, testar seu alcance e destacar temas relevantes para eleitores negros e que vivem em áreas rurais. "Será transformador. Não do dia para a noite, mas com o tempo", afirma Clay Middleton, conselheiro sênior do comitê democrata e morador de Charleston.
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