Crise humanitária atinge a totalidade da população do enclave, de cerca de 2,2 milhões de palestinos, que enfrenta o risco iminente de morrer por desnutrição
Pouco mais de um mês após o início da ofensiva israelense na Faixa de Gaza, a situação humanitária atingiu níveis alarmantes, com 2,2 milhões de palestinos, a totalidade da população do enclave, enfrentando o risco iminente de morrer por desnutrição. A ofensiva teve início em 7 de outubro, em resposta a um ataque coordenado pelo Hamas contra o território de Israel.
Em dezembro, a ONG Human Rights Watch (HRW) acusou o governo israelense de submeter civis à fome como parte da guerra e relatos indicam que as restrições impostas por Israel ao fornecimento de alimentos, água e combustível para o território agravaram ainda mais a crise.
Segundo o jornal O Globo, palestinos em Gaza relataram recorrer à ingestão de grama e água suja para sobreviver, enquanto crianças choram e imploram por comida nas ruas. Os escassos suprimentos ainda encontrados em Gaza são comercializados por mais que o dobro de seu valor original.
A escassez de alimentos também impacta as gestantes, com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) alertando para o aumento do risco de abortos espontâneos, nascimentos prematuros e crianças nascendo abaixo do peso. A situação é especialmente difícil para as 50 mil mulheres grávidas em Gaza.
Hanadi Gamal Saed el-Jamara, mãe de sete filhos, descreve a agonizante realidade de sua família, onde a fome e a sede se tornaram uma ameaça constante. “Estamos morrendo lentamente”, disse ela à CNN. “Acho que é até melhor morrer pelas bombas, pelo menos assim seremos mártires. Mas agora estamos morrendo de fome e sede”, completou. —
A situação é agravada pelo estado de saúde do marido, que sofre de câncer e diabetes. Toda a família também sofre de diarreia e desnutrição.
Os deslocamentos em massa, a destruição de bairros e a perda de vidas tornaram os últimos 100 dias de guerra especialmente difíceis para os habitantes de Gaza. A suspensão do financiamento à UNRWA (agência de assistência humanitária da ONU) por vários países ocidentais piorou a situação ao privar a população de assistência humanitária.
A Unicef alertou para a vulnerabilidade extrema das crianças em Gaza, onde todas as 350 mil crianças menores de cinco anos enfrentam risco grave de desnutrição. “A organização já havia denunciado que o enclave passou a ser, após a guerra, o lugar ‘mais perigoso do mundo’ para uma criança”, destaca a reportagem. Condições de vida insalubres, falta de eletricidade e a impossibilidade de refrigerar alimentos perecíveis agravam a crise humanitária.
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo
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