Preços na Argentina estão até 40% mais caros do que no exterior. Indústria não alimentícia e de bens duráveis e manufaturados prevê uma queda nas vendas de pelo menos 60% neste mês
Desde que o ultradireitista Javier Milei assumiu a presidência da Argentina, em dezembro de 2023, os preços não param de subir e as vendas e a atividade econômica do país têm registrado quedas históricas, segundo conta o jornal local Página12.
“Há um dado impactante que reflete melhor do que qualquer tecnicismo acadêmico o que está acontecendo hoje com os preços e a atividade na Argentina.
Um CEO que possui supermercados em todo o país contou ao Página12 que, desde que Javier Milei assumiu a presidência e liberou os preços, a ‘venda de fronteira’ despencou 30%.
Em outras palavras, os estrangeiros que antes cruzavam a fronteira para comprar óleo, farinha, alimentos e até combustíveis em estabelecimentos próximos ao Paraguai, Bolívia, Brasil e Uruguai agora preferem comprar em seus próprios países, onde os preços eram recentemente muito mais altos do que na Argentina.
Além disso, esse efeito levou a uma diminuição nas vendas dos supermercados locais, pois também houve uma redução na demanda interna”.
Esse fenômeno não apenas prejudicou as empresas que atuam na fronteira, mas também teve um impacto direto nas vendas dos supermercados locais, com uma diminuição na demanda interna. Empresas fornecedoras enviam listas de aumentos semanais, resultando em produtos até 40% mais caros do que no exterior.
A situação é mais crítica para empresas multinacionais, que continuam a aumentar os preços sem limites. Surpreendentemente, vários CEOs que se reuniram com funcionários do governo não receberam restrições em relação aos aumentos de preços.
Na indústria não alimentícia e de bens duráveis e manufaturados, prevê-se uma queda nas vendas de pelo menos 60% neste mês. O colapso na indústria convencional e a diminuição da atividade na construção, decorrente do cancelamento de obras públicas desde dezembro, resultaram não apenas em uma redução na atividade, mas também em demissões mensais significativas.
No setor de consumo básico, que engloba alimentos, bebidas e bens de primeira necessidade, os supermercados em todo o país enfrentam uma queda média de 15% nas vendas. A crise se manifesta de maneira abrangente, afetando não apenas a economia, mas também o cotidiano dos cidadãos argentinos.
Diante desse cenário, a ilusão ideológica do presidente Milei em relação a um mercado livre e autorregulado, com a promessa de redução de preços, parece distante da realidade, deixando a população e o setor empresarial apreensivos quanto ao futuro econômico do país.
Fonte: Brasil 247 com informações do Página 12
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