Segundo o diplomata, do lado dos países latino-americanos, a "disposição para assinar o acordo é maior do que nunca"
Télam - A crise que afeta o setor agrícola em alguns países da União Europeia (UE) poderia representar outro "obstáculo" para a aprovação do acordo de livre comércio com o Mercosul, que está atrasado há anos, disse o chefe da diplomacia do bloco europeu, Josep Borrell.
"Temos que ver se a atual crise na agricultura europeia não se torna mais um obstáculo nesse caminho", afirmou Borrell.
Ele fez esses comentários durante um seminário com legisladores europeus e latino-americanos no Parlamento Europeu, quase simultaneamente à reunião do Mercosul que ocorreu em Assunção, onde os cinco países ratificaram seu desejo de chegar a um acordo.
Após duas décadas de negociações sobre esse entendimento, "agora a bola está no campo da Europa", disse Borrell, acrescentando: "Nós é que temos que dizer se o queremos ou não".
Segundo o diplomata, do lado dos países latino-americanos, a "disposição para assinar o acordo é maior do que nunca".
No entanto, os avanços nas conversações entre os negociadores do Mercosul e da UE coincidiram com um agravamento notável da crise e das manifestações do setor agrícola na Europa.
A França foi novamente abalada hoje por manifestações e protestos de agricultores para denunciar sua situação econômica. O setor é um dos oponentes mais ferrenhos do acordo UE-Mercosul.
A oposição de esquerda pediu na quinta-feira ao presidente francês, Emmanuel Macron, que "diga claramente 'stop' ao acordo" negociado com o Mercosul, como uma das respostas à revolta dos agricultores.
Para Borrell, "na geopolítica não há vazios, e se nossos estados e nossas empresas e instituições financeiras deixarem um espaço, outros o ocuparão".
Ontem, em Assunção - que exerce a presidência temporária do bloco - os ministros das Relações Exteriores da Argentina, Brasil, Uruguai, Paraguai e Bolívia afirmaram em uma declaração conjunta que o bloco deseja fechar o acordo com a UE o mais rápido possível.
"Será prioridade concluir os aspectos pendentes das negociações com a União Europeia e alcançar a assinatura de um acordo equilibrado para ambas as partes o mais breve possível", disseram os ministros.
Em 2019, após vinte anos de negociações complexas, os dois blocos anunciaram que chegaram a um acordo de livre comércio, mas a UE exigiu a adição de um capítulo com exigências ambientais, o que resultou em um novo atraso nas negociações.
Fonte: Brasil 247 com Télam
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