sábado, 30 de dezembro de 2023

Recuperação do mercado de trabalho sob Lula desfaz os estragos causados pela Lava Jato, Temer e Bolsonaro

 Brasil ainda não retomou o nível recorde de emprego do governo Dilma, mas está a caminho de repetir o feito

Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

No trimestre encerrado em novembro, o país presenciou uma notável recuperação no mercado de trabalho, marcando uma retomada do curso natural de desenvolvimento que foi interrompido por eventos adversos, como a sabotagem ao governo Dilma Rousseff, a Lava Jato, o golpe de estado de 2016 e o choque neoliberal do período Temer-Bolsonaro. Ao final do primeiro ano do governo Lula 3, a taxa de desocupação atingiu 7,5%, registrando uma variação de -0,2 ponto percentual em relação aos três meses anteriores, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Com 100,5 milhões de pessoas ocupadas, representando um crescimento de 0,9% no mesmo período, este contingente alcançou o maior patamar da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada em 2012. "É a terceira queda consecutiva da taxa de desocupação, marcando uma inversão do movimento nos anos anteriores, quando, de modo geral, o indicador apresentava redução. Nesse trimestre, a queda é explicada pela expansão no número de pessoas ocupadas", explica a coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE, Adriana Beringuy.


"A taxa de 7,5% é a menor para um trimestre encerrado em novembro desde 2014 (6,6%), ou seja, retoma a valores de quase dez anos atrás, quando a desocupação era bem mais baixa", destaca a pesquisadora, ressaltando a retomada dos níveis de emprego observados anteriormente.

Na comparação com o trimestre anterior, o número de desempregados permaneceu estável, totalizando 8,2 milhões de pessoas em busca de trabalho no país, representando o menor contingente desde o trimestre encerrado em abril de 2015. Com o aumento da população ocupada, o nível da ocupação variou 0,4 ponto percentual frente ao trimestre móvel anterior, atingindo 57,4%. Do crescimento de 853 mil pessoas no contingente de ocupados, a maior parte (515 mil) foi absorvida pelo mercado de trabalho como empregado no setor privado com carteira assinada.

A categoria de empregados no setor privado com carteira assinada foi estimada em 37,7 milhões de trabalhadores, alcançando o segundo maior patamar da série histórica da pesquisa. Este aumento, evidenciado desde 2022, contribui para a estabilidade do mercado formal. "No trimestre encerrado em novembro, houve a manutenção do trabalho com carteira assinada em expansão, que vem ocorrendo desde 2022. Por outro lado, também observamos o aumento da participação da informalidade, já que a população ocupada informal também cresceu", destaca Beringuy.

Uma parcela significativa dos trabalhadores informais, os empregados sem carteira assinada no setor privado, somaram 13,4 milhões no trimestre, registrando o maior contingente da série histórica, apesar da estabilidade estatística no trimestre e no ano. "Esse número recorde se deve a essa categoria não ter apresentado recuo desde o trimestre encerrado em maio de 2021, embora nesse último trimestre a variação tenha sido mais discreta", explica a pesquisadora. A taxa de informalidade no trimestre foi de 39,2% da população ocupada, equivalente a 39,4 milhões de trabalhadores informais.

No contexto das atividades econômicas analisadas na pesquisa, houve aumento no número de ocupados apenas na indústria (2,9%, ou mais 369 mil pessoas) e na construção (2,8%, ou mais 199 mil pessoas). As demais atividades permaneceram estáveis. "A expansão da atividade de construção ocorreu principalmente por meio da informalidade, com o aumento do emprego sem carteira e por conta própria sem CNPJ, enquanto a indústria impulsionou os trabalhos formais", destaca Beringuy.

O número de pessoas dentro da força de trabalho, soma de ocupados e desocupados, cresceu 0,6% no trimestre e foi estimado em 108,7 milhões. Já a população fora dessa força totalizou 66,5 milhões, mantendo-se estável no mesmo período. Os desalentados, por sua vez, caíram 5,5%, representando uma redução de 196 mil pessoas. Ao todo, essa população foi estimada em 3,4 milhões, o menor contingente desde o trimestre encerrado em agosto de 2016.

Rendimento Cresce 2,3% Frente ao Trimestre Anterior – O rendimento médio real aumentou 2,3% no trimestre, atingindo R$ 3.034. No ano, a alta foi de 3,8%. "No trimestre, esse crescimento foi mais acentuado entre os empregados com carteira no setor privado (2,1%) e os trabalhadores por conta própria com CNPJ (7,6%). Vale ressaltar que na comparação anual nenhuma forma de inserção apresentou queda no rendimento, seja no trabalho formal, seja no informal. Todos registraram variação positiva", destaca a coordenadora.

Acompanhando o aumento do rendimento médio, a massa de rendimento alcançou novamente o recorde na série histórica da pesquisa, totalizando R$ 300,2 bilhões. O crescimento foi de 3,2% no trimestre e de 4,8% no ano. "O aumento é explicado pela combinação da expansão do número de pessoas inseridas no mercado de trabalho e do aumento do rendimento médio desses trabalhadores".

Mais Sobre a Pesquisa – A PNAD Contínua é o principal instrumento para o monitoramento da força de trabalho no país. A amostra da pesquisa por trimestre no Brasil corresponde a 211 mil domicílios pesquisados. Cerca de dois mil entrevistadores trabalham na pesquisa, em 26 estados e no Distrito Federal, integrados à rede de coleta de mais de 500 agências do IBGE. Em função da pandemia de Covid-19, o IBGE implementou a coleta de informações da pesquisa por telefone a partir de 17 de março de 2020. Em julho de 2021, houve a volta da coleta de forma presencial.

Fonte: Brasil 247


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