quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

Primeiras medidas de Milei podem levar inflação argentina a 100% apenas no mês de dezembro

 Terapia de choque poderá levar a grande maioria dos argentinos à pobreza

Javier Milei e peso argentino (Foto: Reuters)

As recentes medidas econômicas implementadas pela equipe do presidente Javier Milei, um político de ultradireita, podem levar a inflação argentina a alcançar um patamar de até 100% no decorrer deste mês. As ações anunciadas, que buscam gerar um superávit primário em 2024, seguem as diretrizes do Fundo Monetário Internacional (FMI) para que o país possa economizar e honrar suas obrigações externas. Esta informação foi confirmada por analistas financeiros e reportada pelo jornal "Ámbito Financiero" e repercutidas pelo Valor.

Antes dos anúncios do ministro da Economia, Luis Caputo, a expectativa de inflação estava em torno de 20% para o mês corrente. No entanto, a subsequente desvalorização do peso argentino em mais de 50%, chegando a 800 pesos por dólar, desencadeou um aumento considerável nos preços, incluindo um reajuste de até 37% nos combustíveis pelas petroleiras. Segundo dados do governo, a inflação de novembro foi de 12,8%, acumulando 160,9% em 12 meses. Pablo Ferrari, economista, sugere que a eliminação dos subsídios e o fim dos controles de preços podem duplicar os custos de alimentos e outros produtos.


Santiago Manoukian, especialista da consultoria Ecolatina, destacou que as medidas visam restabelecer a confiança com os credores e reduzir os riscos de default, apesar das reservas internacionais estarem em um nível historicamente baixo. Por outro lado, o Banco Central da Argentina informou que manterá o regime de "crawling peg" para o dólar, com ajuste de 2% ao mês, ritmo considerado insuficiente perante a inflação crescente.

As políticas de Milei também devem impactar significativamente o mercado de trabalho, especialmente no setor de construção civil, devido à suspensão de licitações de obras públicas. Um diplomata em Buenos Aires, sob anonimato, ressaltou que tais cortes na construção e a redução da atividade econômica poderiam levar a um encolhimento ainda maior do mercado de trabalho e acelerar o empobrecimento no país.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal Valor

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