A Polícia Federal desmontou, na terça-feira (5), uma grande
organização criminosa responsável pelo tráfico internacional de armas, que
fornecia armamento pesado a chefes das maiores facções brasileiras.
Segundo as investigações, as armas vinham de países da Europa e entravam no Brasil pelo Paraguai.
Por trás de todo esse esquema, estavam Diego Hernan Dirísio,
de 49 anos, o maior traficante de armas da América do Sul, e Fhillip da Silva
Gregório, de 36 anos, conhecido como “Professor”, um traficante de drogas do
Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, e um dos principais clientes de Dirísio.
Segundo a PF, Fhillip só gostava de armas de alto calibre.
Em uma de suas negociações, ele recusa, por exemplo, um revólver de 308. “A
questão não é preço, até se você quisesse me dar essa pistola, aqui no Rio, a
gente não usa mais esse calibre”, diz. “Tem que ser 9, 40, 45!”, completa.
No Alemão, o “Professor” tinha uma vida muito confortável.
Ali, ele montou uma estrutura de ostentação e chegou a receber uma equipe
médica para fazer lipoaspiração, implante de cabelo e clareamento dos dentes.
Em trocas de mensagens, o criminoso brasileiro revelou que não sai do Alemão há
três anos.
Tanto Fhillip como Diego Hernan estão foragidos.
Na semana passada, 54 pessoas foram alvos de uma operação da
PF brasileira, em conjunto com os governos do Paraguai e dos Estados Unidos.
Foram cumpridos mandados de busca e apreensão em 54 endereços nos três países –
16 pessoas foram presas até agora.
A investigação durou três anos e se iniciou a partir da
apreensão de pistolas e fuzis na Bahia. A PF estima que, de 2020 até aqui, o
esquema de Diego Hernan Dirísio tenha movimentado R$ 1 bilhão.
A empresa de Dirísio fazia vendas legais de armas no
Paraguai. As compras eram feitas usando a própria empresa dele que, até então,
era legalizada no Paraguai.
“Além disso, ele era provedor do estado Paraguaio. Tinha
ganhado várias licitações e comprado equipamento para o exército e para a
polícia. Era uma empresa que tinha todos os papéis, todos os requisitos para
funcionar legalmente”, disse um porta-voz do Ministério Público do Paraguai,
que trabalhou em conjunto com a PF brasileira.
O armamento vendido vinha da Croácia, Eslovênia, República
Tcheca e Turquia. A Polícia Federal acredita que, em três anos, Dirísio
importou mais de 40 mil armas do Leste Europeu.
“Ele era visto como um grande empresário, mas, na realidade,
estava fomentando o mercado ilícito de armas de fogo na América do Sul. Ele
dominava o mercado ilegal de arma de fogo e criou uma estrutura criminosa que
viabilizou um derrame de milhares de armas de fogo no mercado ilícito para
facções criminosas no Brasil”, disse Flávio Albergaria, delegado da PF.
O armamento entrava primeiro no país vizinho com autorização
da Dimabel, órgão de fiscalização de armas no Paraguai, chefiado por militares.
Trocas de mensagens mostram que, desde 2020, Dirísio corrompia oficiais de alta
patente com presentes de aniversário.
“Muito obrigado pelo presente. Estou muito contente”, disse
um coronel. Em outra mensagem, Dirísio combina a entrada de equipamento direto
com Jorge Antonio Orue, chefe da Dimabel e que chegou a comandar a Força Aérea
do Paraguai.
Ao todo, 15 funcionários da Dimabel, incluindo os oficiais,
foram alvo da operação na última terça. O general Jorge Antonio Orue se
entregou às autoridades um dia depois, na quarta-feira (6).
Em comum, tanto o vendedor de armar como seu maior cliente
no Brasil, o “Professor”, gostavam de uma vida de luxo sustentada pela
violência.
Fonte: Agenda do Poder com informações do g1.
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