Co-autor de "Biografia do abismo" e diretor da Quaest, ele também afirma que a polarização entre Lula e Bolsonaro marcará as eleições municipais de 2024
Em uma entrevista concedida ao jornalista Leonardo Attuch, Felipe Nunes, cientista político e diretor da Quaest, discutiu o atual cenário político brasileiro e as perspectivas para as eleições municipais de 2024. Nunes, co-autor do livro "Biografia do Abismo" em parceria com o jornalista Thomas Traumann, destacou o fenômeno da polarização política entre os eleitores do presidente Lula e do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Segundo Nunes, as pesquisas reforçam a tese de uma polarização "calcificante", onde eleitores de Lula e Bolsonaro possuem visões completamente diferentes da realidade. Ele aponta para a existência de "bolhas informacionais", nas quais cada lado reforça apenas as informações que lhes são favoráveis. Essa dinâmica tem gerado múltiplas realidades percebidas pelos diferentes grupos na sociedade.
Nunes observou que, embora haja certo pessimismo no mercado financeiro, as ações reais dos agentes são pragmáticas. Ele enfatiza que o que está em jogo atualmente não são apenas questões econômicas, mas principalmente valores, culturais e ideológicas. Nesse contexto, a recente campanha do governo Lula reconhece a polarização, mas busca engajar um diálogo mais amplo.
O cientista político também destacou a diferença na comunicação política entre os seguidores de Lula e Bolsonaro. Ele menciona que o eleitorado bolsonarista está mais ativo nas redes sociais do que na televisão, criando uma assimetria de forças na comunicação política.
Nunes abordou o impacto da Operação Lava Jato, descrevendo-a como um mecanismo que deu visibilidade a um sentimento de mundo preexistente. Ele também ressaltou os esforços do primeiro ano do governo Lula, focados na restauração da imagem internacional do Brasil e na retomada de políticas públicas para os mais pobres.
Olhando para o futuro, Nunes acredita que para evitar governar "no fio da navalha" em 2024, o governo Lula precisará expandir suas políticas para além da renda baixa, visando a classe média. Ele prevê que tanto Lula quanto Bolsonaro desempenharão papéis significativos como cabos eleitorais para seus respectivos candidatos. Nunes alerta que uma eventual prisão de Bolsonaro poderia transformá-lo em uma vítima de um processo político, potencialmente inflando seu eleitorado.
A entrevista com Felipe Nunes oferece um olhar perspicaz sobre a complexa dinâmica política do Brasil, destacando a importância da classe média e das questões de valores nas próximas eleições. Assista:
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