O relacionamento tenso entre civis e militares no início do ano deu lugar a um cenário mais positivo, conforme apontado por alguns oficiais. Segundo informações da colunista Míriam Leitão, do Globo, eles se preparam com serenidade para as celebrações planejadas para o dia 8 de janeiro.
Os militares reconhecem a influência do bolsonarismo em parte das Forças Armadas, mas salientam a ausência de movimentos de tropas, considerando este um ponto crucial. Segundo um general, dos 680 estabelecimentos militares, não houve registro de qualquer ato de descontentamento.
Um dos pontos ressaltados por um dos militares é que o evento de 8 de janeiro ajudou a moderar a oposição ao governo. Houve uma mudança na percepção, passando de uma possível insatisfação com a eleição do presidente Lula para críticas mais direcionadas aos eventos ocorridos no referido dia, levando a uma redução nas reclamações ao presidente.
“Se havia alguma indignação com a eleição do presidente Lula, passou a haver reprovação ao que houve em 8 de janeiro e um arrefecimento das críticas ao presidente Lula”, disse um dos militares.
A justificativa para essa mudança de postura foi a evidente ilegalidade dos atos, constrangendo aqueles que levantavam bandeiras contra a esquerda. Um membro da Aeronáutica mencionou que, apesar de conservadores, na esfera dos costumes, eles tendem a se posicionar mais à direita.
De acordo com informações de uma fonte do Exército, foi comunicado ao presidente Lula que a maioria dos militares da ativa, da reserva e policiais militares votou em “outro candidato”. No entanto, a questão foi observar as dificuldades durante a transição de comando das Forças Armadas, especialmente dada a sua alta hierarquia.
Houve mudanças no comando do Exército antes e após a posse presidencial, destacando a passagem de comando entre os generais Freire Gomes, Júlio César Arruda e Tomás Paiva. Diferenças quanto à nomeação do tenente-coronel Mauro Cid para o comando de uma unidade foram citadas entre os motivos.
Na Marinha, a transição não seguiu um curso normal, com o almirante Almir Garnier recusando-se a passar o comando para o almirante Marcos Sampaio Olsen. A única transição sem percalços ocorreu na Força Aérea, com a posse do brigadeiro Marcelo Damasceno.
Apesar de episódios de indisciplina, como o protagonizado pelo almirante Garnier, os militares destacam o respeito ao rito democrático. O presidente eleito foi empossado, governa e conta com o respeito das Forças Armada. “Ele é o novo comandante supremo das Forças Armadas”, ressaltou uma das fontes.
Os militares defendem a não participação da comissão do TSE, alegando que os oficiais do Alto Comando do Exército nunca quiseram se envolver, pois não consideravam essa uma função das Forças Armadas.
Sobre os acampamentos em frente aos quartéis, os militares reconhecem a presença de familiares de militares, mas afirmam que teriam respeitado uma ordem judicial para desocupação. Em locais onde houve tal ordem, os acampamentos foram desfeitos, de acordo com um general.
Para os militares, o fim do ano marcou a dissipação da “percepção de ameaça” às instituições democráticas. Eles enfatizam a incompatibilidade de um retrocesso no Brasil no século XXI e destacam a resolução dos problemas democráticos por meio da democracia.
“Não pode haver essa percepção de que o Brasil possa ter um retrocesso que não cabe mais no século XXI”, disse um outro militar.
Uma fonte também afirmou que qualquer alternativa seria antiquada, e que as questões da democracia devem ser resolvidas dentro dela mesma. Defendem a PEC que impede militares que ingressam na política de retornar às Forças e apoiam o retorno da Comissão de Mortos e Desaparecidos, acreditando ser responsabilidade do Estado procurar por desaparecidos.
Fonte: DCM
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