domingo, 31 de dezembro de 2023

'Há uma motivação política no discurso contra o Supremo', diz Barroso

 Presidente do STF, Luís Roberto Barroso, avalia que embates do Legislativo com a Corte refletem a influência da onda bolsonarista que chegou ao Congresso nas últimas eleições

Ministro Luis Roberto Barroso, do STF (Foto: Carlos Alves Moura/SCO/STF)

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, avalia que os embates entre a Corte e o Legislativo refletem a influência da onda bolsonarista que chegou ao Congresso nas últimas eleições, eleita na esteira do discurso de Jair Bolsonaro (PL) que escolheu o Supremo como “o seu principal inimigo"

"É natural que estes parlamentares queiram corresponder às expectativas dos seus eleitores que acham que o Supremo é parte do problema", disse Barroso ao jornal Folha de S. Paulo. "Há uma motivação política de mobilização de bases radicais no discurso contra o Supremo", destacou. "Houve um presidente da República que elegeu o Supremo como seu adversário", disse em referência aos constantes ataques contra Corte feitos por Jair Bolsonaro e seus aliados nos últimos anos.


"O ex-presidente atacava o tribunal e ofendia seus integrantes com um nível de incivilidade muito grande. Em qualquer parte do mundo, isso seria apavorante", ressaltou. Ainda conforme o ministro, isso "foi relativamente tolerado por um grande contingente de eleitores que se identificaram com aquela linguagem e atitude”. O PL, partido de Jair Bolsonaro, elegeu uma bancada de 99 deputados e 14 senadores nas eleições de 2022.

Apesar das críticas, Barroso diz discordar do termo "pautas anti-STF", usado para definir as propostas em tramitação no Congresso que visam limitar os poderes da Corte e seus ministros. Na entrevista, Barroso destacou que mantém boas relações com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

"Ele [Pacheco], presidente de uma Casa, procura, em alguma medida, expressar o sentimento dominante naquela Casa. O que eu verbalizei mais uma vez é que mexer no Supremo, no ano em que foi invadido por golpistas antidemocráticos, é uma simbologia ruim", disse o ministro.

Barroso também ressaltou que o STF atuou de maneira significativa para conter os ataques golpistas e antidemocráticos que resultaram na intentona golpista do 8 de janeiro. "Nós conseguimos deter o populismo autoritário, prestamos um serviço imprescindível ao país, que é a preservação da Constituição e da democracia", afirmou.

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário