Um destaque
protocolado pela bancada do Partido Liberal (PL) na Câmara dos Deputados deve
alterar a forma de distribuição entre os estados dos recursos do futuro Imposto
sobre Bens e Serviços (IBS). A possibilidade de perda de arrecadação por causa
desse dispositivo, previsto na Reforma Tributária, vem sendo usada pelo governo
do Paraná como um dos principais argumentos para o envio de um Projeto de Lei à
Assembleia Legislativa (Alep) propondo aumento de alíquotas de ICMS no Estado a
partir de 2024. Para a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), a
apresentação do destaque torna injustificável que a proposta siga tramitando no
Legislativo estadual.
O
objetivo do destaque do partido – assinado pelo líder da bancada, Altineu
Côrtes (PL/RJ), e pelo vice-líder Filipe Barros (PL/PR) – é retirar, para que
seja votado em separado, o parágrafo 2º do artigo 131 da PEC/45, da Reforma
Tributária. Esse é justamente o artigo que trata da forma de distribuição dos
recursos do IBS, que, segundo o texto, seria definido a partir da média da
arrecadação dos estados entre 2024 e 2028. Ou seja, com a redação anterior, os
estados que arrecadassem mais com o imposto nesses anos teriam maior
participação na arrecadação quando o IBS entrar em vigor. Por causa disso,
vários estados, entre eles o Paraná, têm cogitado aumentar o ICMS, com o
objetivo de recompor possíveis perdas futuras.
Como a
tendência é que o destaque seja mantido – já que são necessários os votos de
dois terços dos deputados para rejeitá-lo –, a forma de distribuição do
montante arrecadado com o IBS entre os estados deverá ser definida
posteriormente, por meio de Lei Complementar. “Esse é mais um claro sinal de
que qualquer aumento de ICMS pelos estados neste momento, sob argumento de
compensar eventuais perdas futuras, é completamente precipitado e
injustificável”, afirma o coordenador do Conselho Temático de Assuntos Tributários
da Fiep, Guilherme Hakme. “O texto da PEC/45 que irá à votação na semana que
vem, com alta probabilidade de ser aprovado, já está com o artigo 131 suprimido
devido ao destaque protocolado pelo PL”, completa.
Ele
lembra, ainda, que o relator da Reforma Tributária na Câmara, deputado federal
Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), reuniu-se na última
quarta-feira (6) com uma comitiva de deputados estaduais do Rio Grande do Sul,
Santa Catarina e Paraná, incluindo o deputado Tiago Amaral,
presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Alep. Na ocasião,
Ribeiro se comprometeu a avaliar a retirada desse dispositivo do projeto.
Já o presidente da Fiep, Edson Vasconcelos, aponta, ainda,
que outros estados que anteriormente haviam lançado um movimento para aumentos
simultâneos de ICMS, já estão recuando da medida. “Entendemos que os motivos
que anteriormente impulsionaram o envio do Projeto de Lei à Alep não mais se
justificam”, diz Vasconcelos. “Se São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul
e Mato Grosso do Sul não aumentarão suas alíquotas, não há motivos para o
Paraná aumentar, sob pena de indústrias paranaenses deixarem nosso estado para
se instalar em estados vizinhos, com menos impostos e condições mais atrativas
para investimentos. Esperamos que essa proposta não vá adiante no Paraná, pois
vai reduzir a competitividade do nosso setor produtivo e aumentar custos para
toda a população”, finaliza o presidente da Fiep.
Fonte: Bem Paraná com assessoria
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