domingo, 24 de dezembro de 2023

Agro brasileiro toma espaço dos Estados Unidos no comércio global de alimentos

 Participação do Brasil nas exportações de milho e soja para a China é crescente; fator Lula ajuda a impulsionar esta tendência

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e agronegócio (Foto: Joédson Alves/ABr | Jorge Adorno/Reuters)

O Brasil está conquistando uma parcela crescente do comércio agrícola global, anteriormente dominada pelos Estados Unidos, devido ao estreitamento das relações comerciais com a China, um dos maiores importadores mundiais de commodities agrícolas, segundo aponta reportagem do Global Times. Esse movimento é impulsionado pelo objetivo chinês de diversificar suas fontes de abastecimento para garantir a segurança alimentar. Mesmo com os Estados Unidos mantendo-se como uma fonte importante de commodities agrícolas para a China, as tensões geopolíticas incentivam o país asiático a intensificar seus esforços de diversificação, buscando reduzir os riscos associados às restrições comerciais lideradas pelos EUA, caso estas não sejam resolvidas. Segundo um relatório da Bloomberg divulgado na quarta-feira, o Brasil superou os Estados Unidos como principal fornecedor de milho para a China, com envios do Brasil totalizando 8,79 milhões de toneladas nos primeiros 11 meses do ano, representando 40% das importações totais de milho da China, conforme dados alfandegários. As remessas dos EUA foram de 6,5 milhões de toneladas, quase 30% do total, mas com uma redução de mais da metade em relação ao ano anterior (Fonte: Bloomberg).

Além do milho, outras commodities agrícolas brasileiras também têm superado as exportações dos EUA para a China. As exportações de soja do Brasil, por exemplo, ultrapassaram as dos Estados Unidos neste ano. Nos primeiros 11 meses, as importações de soja da China totalizaram 89,63 milhões de toneladas, um aumento de 13,3%, de acordo com um artigo da Associação de Soja de Heilongjiang. As exportações brasileiras de soja para a China atingiram um recorde de 64,97 milhões de toneladas, um aumento de 25%, enquanto as exportações dos EUA para a China caíram 8%, para 20,36 milhões de toneladas.


O crescimento robusto nas exportações de milho e soja do Brasil para a China reflete a crescente competitividade do país no comércio agrícola internacional, especialmente em comparação com os Estados Unidos. Espera-se que as exportações brasileiras de milho alcancem 55,94 milhões de toneladas em 2023, em comparação com 44,7 milhões de toneladas em 2022, enquanto as exportações de soja são estimadas em 101,1 milhões de toneladas, acima dos 77,8 milhões em 2022, de acordo com projeções da Anec, um grupo comercial brasileiro que representa exportadores de grãos.

O fator Lula – Esses números refletem colheitas abundantes no Brasil este ano, além de uma tendência do vasto mercado chinês em se voltar para o Brasil para reduzir a dependência dos Estados Unidos em relação ao milho e à soja. Dadas as circunstâncias atuais, a busca da China pela diversificação de fontes de milho e soja, afastando-se dos Estados Unidos, é totalmente justificada. Para começar, os produtos agrícolas brasileiros têm as vantagens de baixo custo, boa qualidade e fornecimento estável. Além disso, o Brasil não possui grandes áreas de atrito comercial com a China. Em particular, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva tem buscado ativamente relações econômicas mais próximas com a China. Por exemplo, em outubro, China e Brasil concluíram um acordo comercial em suas moedas locais pela primeira vez, com transações financiadas e liquidadas em yuan e convertidas diretamente em reais brasileiros, segundo a Agência de Notícias Xinhua. A transação seguiu a assinatura de um memorando de entendimento em abril para promover o comércio em moeda local.

O aumento das compras de produtos agrícolas brasileiros pela China é propício para promover a cooperação econômica e comercial. Em comparação, o comércio de grãos entre China e Estados Unidos enfrenta incertezas e desafios. Uma das principais razões para as tensões nas relações bilaterais é que os Estados Unidos sempre veem questões comerciais com a China sob uma perspectiva geopolítica e continuam a escalar a supressão unilateral e sanções contra empresas e manufaturas chinesas, minando a confiança e a credibilidade de ambos os lados. Neste contexto, há todas as razões para a China ser cautelosa e levar em conta alguns fatores geopolíticos ao se tratar de importações de grãos para a segurança alimentar do país. Esta mudança pode aumentar a pressão sobre o comércio agrícola dos EUA, mas é uma precaução necessária para a China. Afinal, a China é um dos maiores compradores de produtos agrícolas do mundo. Com sua grande população, é essencial para a China escolher fontes de abastecimento competitivas, seguras e estáveis para garantir sua segurança alimentar.

Fonte: Brasil 247 com reprotagem do Global Times

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