quarta-feira, 15 de novembro de 2023

"Não sou faccionada e usam minha cabeça para atacar o governo", diz Luciane Barbosa

 Tratada pela grande imprensa como a "dama do tráfico amazonense", Luciane Barbosa é usada por bolsonaristas para atacar o ministro Flávio Dino

Luciane Barbosa (Foto: Reprodução)

Suposta "dama do tráfico amazonense", Luciane Barbosa, casada com um dos chefes da facção criminosa Comando Vermelho (CV) do Amazonas, se defendeu nesta terça-feira (14) e afirmou que opositores do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estão usando sua imagem para atacar a gestão petista e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino. 

Em relação ao encontro que teve com autoridades do governo federal, que não incluem Dino, ela assumiu que a ida a Brasília foi paga pelo Ministério dos Direitos Humanos (MDH), e que foi convidada por conta de integrar o Comitê de Prevenção e Combate à Tortura do Amazonas.

"Ainda não tomei posse, e não sei se vou conseguir tomar posse diante de toda repercussão nacional. Pessoas estão usando minha cabeça como cristo para atacar o atual governo e Dino, que de fato nunca me recebeu", afirmou a chefe da ONG Instituto Liberdade do Amazonas, durante coletiva de imprensa via Zoom.  


As declarações surgem em meio a uma nova ofensiva bolsonarista com o objetivo de associar, sem provas, o ministro Flávio Dino a facções criminosas. A movimentação começou após reportagem de O Estado de S. Paulo alegar que Luciane Barbosa foi recebida por assessores de Dino para discutir violações aos direitos dos presos, através de uma ONG representada por ela. 

Sobre as alegadas associações com o crime organizado, ela assegurou: "Não sou faccionada e sou de fato casada com ele". 

Identificada pelo Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM) como a pessoa encarregada de gerir as finanças do marido, Luciane foi condenada a uma pena de dez anos, porém, permanece respondendo ao processo em liberdade. Policiais civis do Amazonas investigam se a ONG é apenas uma fachada usada pelo Comando Vermelho.

Ela revelou que ficou sabendo das reportagens somente após a publicação, e contestou o apelido de "dama do tráfico". 

"Fiquei sabendo por meio de amigos que estava na capa do Estadão. Nunca fui conhecida como a dama do tráfico, e sim como a dona Lu Farias. Meu trabalho no Instituto Liberdade Amazonas é levantar denúncias de familiares que presos estão doentes, se apanharam. Levei dossiê para o (secretário de Assuntos Legislativos do MJ) Elias Vaz, que nos recebeu e disse que não era da área da pasta dele, me encaminhou ao Senappen", continuou ela, relatando também encontros com Sandro Abel Sousa Barradas (diretor de Inteligência Penitenciária) e Rafael Velasco (Secretário Nacional de Políticas Penais).

A ida de Luciane à pasta da Justiça gerou grande repercussão. A ex-deputada estadual e atual vice-presidente da Comissão de Assuntos Penitenciários da Associação Nacional da Advocacia Criminal do Rio de Janeiro (Anacrim-RJ), Janira Rocha, defendeu o encontro dela com membros do ministério para tratar de políticas de direitos humanos para os presos. 

A presidente nacional do PT e deputada federal, Gleisi Hoffmann (PR), defendeu o ministro por causa de ataques feitos por bolsonaristas. Titular da Justiça, Flávio Dino criticou a "vil politicagem" de opositores do governo. 

Em meio à repercussão, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) apresentou um pedido para abrir uma investigação sobre as reuniões na pasta com a presença de Luciane Barbosa.

Fonte: Brasil 247

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