A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8/1 no Congresso Nacional ouve, nesta terça-feira (3), o depoimento do empresário Argino Bedin, conhecido como “pai da soja”. Ele é apontado como um dos financiadores dos atos golpistas promovidos por bolsonaristas em Brasília.
Na última segunda-feira (2), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, concedeu um habeas corpus parcial a Argino Bedin, após uma solicitação de sua defesa. De acordo com a decisão, Bedin é obrigado a comparecer perante a CPMI, mas tem o direito de permanecer em silêncio para evitar autoincriminação.
“Entendo que o paciente não está isento da obrigação de comparecer perante a CPMI. Portanto, deferi parcialmente o pedido de liminar para garantir ao paciente o direito constitucional ao silêncio, incluindo o privilégio contra a autoincriminação, permitindo que ele se recuse a responder a perguntas potencialmente incriminatórias e o direito de ser acompanhado por seus advogados e se comunicar com eles durante o interrogatório, com todas as prerrogativas previstas na Lei”, afirmou Toffoli.
Dois requerimentos para convocar Argino Bedin como testemunha foram apresentados à CPI, ambos originados da base governamental. Um deles foi proposto pela relatora da CPI, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), e o outro pelo deputado Carlos Vera (PT-PE).
Quem é Argino Bedin?
Argino Bedin, nascido no Rio Grande do Sul e criado no Paraná, se estabeleceu em Sorriso, Mato Grosso, em 1979, para trabalhar em uma extensa área de terra adquirida por seu pai, que totalizava 700 hectares. Em 2015, Bedin e sua família possuíam aproximadamente 15,5 mil hectares de terras.
Conhecido como o “pai da soja”, Bedin é sócio de pelo menos nove empresas. Em novembro de 2022, antes dos eventos de janeiro de 2023 que resultaram nos ataques às sedes dos Poderes, suas contas bancárias foram bloqueadas por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Naquela época, Bedin estava sendo investigado por suposto envolvimento na organização e financiamento de atos antidemocráticos que bloquearam rodovias em todo o Brasil e reuniram manifestantes golpistas em frente a quartéis do Exército em várias cidades.
O empresário é um declarado apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em setembro de 2020, ele recebeu Bolsonaro no município de Sorriso, Mato Grosso, para um evento simbólico de início do plantio de soja na região.
Em uma entrevista ao site O Joio e o Trigo, publicada em março de 2022, Bedin reafirmou seu apoio a Bolsonaro e afirmou que o defenderia “até debaixo d’água”. Além disso, oito pessoas com o sobrenome Bedin fizeram doações à campanha do ex-presidente, totalizando quase R$ 200 mil.
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