terça-feira, 3 de outubro de 2023

Deputado critica desconto de 0,08% e cobra revisão de leilão do lote 2 do pedágio


Pedágio: leilão não teve disputa. (Franklin Freitas)

O deputado Luiz Claudio Romanelli (PSD) cobrou ontem explicações do governo federal sobre o processo de concessão de rodovias paranaenses, disse que o desconto de 0,08% ofertado pelo único concorrente no último leilão causou frustração e “é um escárnio e um desrespeito ao processo licitatório”, apontou ao avaliar o resultado o resultado da licitação do Lote 2, que inclui o trecho da BR-277 que conecta todo o estado ao litoral.

“Para o transporte de carga esta concessão é uma tragédia”, sustentou disse Romanelli da tribuna do legislativo ao relatar a expectativa das novas tarifas para veículos de carga na praça de São José dos Pinhais. Segundo Romanelli, um caminhão de seis eixos, que pagava R$ 117,00 até novembro de 2021, pagaria atualmente R$ 133,00 caso o pedágio fosse cobrado imediatamente. “Sobre este novo pedágio ainda haverá correção da inflação. O custo ficará extremamente elevado”, acrescentou.

Para Romanelli, o setor produtivo do Paraná deveria ir a Brasília e reivindicar o cancelamento da concessão de rodovias. “É necessário que o governo federal reveja este leilão. A União tem que dar explicações sobre a falta de competitividade”, pontuou o deputado. O desconto ofertado pelo fundo de investimento EPR para ficar com o Lote 2, disse o deputado, pode servir de parâmetro para os demais lotes, com os concorrentes fugindo de deságios para não pagar o aporte.


Sem garantia

No pronunciamento, o deputado afirmou que aqueles que sustentavam que o aporte serviria para selecionar concorrentes e garantir obras ficaram sem discurso, porque não haverá aporte. “O aporte nunca foi pensado como garantia de obras. Se houvesse aporte, ele seria destinado a cobrir outros custos, como do usuário frequente”, sustentou. “O valor de desconto para usuário frequente vai onerar a própria tarifa e quem vai pagar por isso são os demais usuários”.

Romanelli lembrou ainda que o projeto de concessão das rodovias paranaenses foi construído pela equipe do antigo governo federal e a modelagem foi mantida pela atual gestão da União. Segundo ele, o ministro dos Transportes, Renan Filho, teria que cumprir o que prometeu ao presidente Lula (PT), que era a modicidade da tarifa, “com um pedágio barato para o Paraná”.

Na avaliação do deputado, depois da concessão dos 3,3 mil quilômetros de rodovias que cortam o estado, o custo entre origem e destino deverá ficar mais caro do que era até novembro de 2021.

Matemágica

Presidente do PT do Paraná, o deputado Arilson Chiorato também criticou o resultado do leilão do lote 2 dos novos pedágios. O parlamentar chamou de “matemágica” a conta apresentada pelo Governo do Estado em que afirma que o desconto irrisório de 0,08% apresentado pelo Grupo EPR sobre a tarifa vai representar um desconto de 56%. “Não existe mágica, o pedágio vai ficar mais caro no Paraná”, afirmou.

“Tarifa barata, garantia de obras e transparência vão continuar o bordão da propaganda do Governo, mas quando as cancelas começarem a funcionar, vamos ser cobrados pela matemática real, e os números não mentem. As tarifas vão ficar mais caras. O transporte até o Porto de Paranaguá vai ficar mais caro. Além disso, o verniz de transparência, dado pelo leilão na B3, não garantiu o tal aporte, que era usado pelo governo como mecanismo garantidor de obras. E agora, quem vai garantir as obras?”, questiona. O aporte seria cobrado a partir de 18% de desconto. O objetivo era garantir tarifas baratas, mas sem concorrência, o desconto foi de 0,08%.

Tarifa divulgada pelo governo não inclui correção da inflação

O deputado, que coordenou a Frente Parlamentar sobre o Pedágio, frisou ainda que a tarifa divulgada pelo Governo não está corrigida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). “Além disso, após o quinto ano, vai ter degrau tarifário. E mais: só no lote 2, de quatro praças, vai saltar para 7. No total, vamos sair de 27 praças para 42, ou seja, vamos pagar mais pedágio, o que vai comprometer a competitividade econômica”, lembra.

Diante do aumento iminente de praças e valores, o deputado pediu a Alep que tome medidas para evitar a implementação do atual modelo de pedágio. “Porque esse modelo apresentado, que não acatou as orientações do TCU (Tribunal de Contas da União) precisa ser corrigido, porque o sentimento que fica é que mais uma vez o povo paranaense foi enganado pela ‘matemágica’ do Governo”, diz.

“O modelo anterior, um modelo caro, superfaturado, sem garantia de obras executadas, que resultou apenas em 51% duplicações, 57% das terceiras faixas e permitiu que 28 grandes obras sumissem do contrato e quase R$ 10 bilhões cobrados a mais através do chamado ‘degrau de pista dupla’, valor cobrado por duplicação que nunca foram feitas, corre sério risco de se repetir”, alerta.

“É crucial que a população esteja ciente das implicações desse modelo de pedágio, e que o governo tome medidas para garantir que as promessas feitas se tornem realidade, porque a matemática, afinal, só funciona quando os números batem com a realidade”, pontua.

Fonte: Bem Paraná

 

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