Ex-mandatário usou uma gravação de maio deste ano para afirmar que a abundância de água nos canais do projeto aconteceu durante o seu governo
Jair Bolsonaro (PL) utilizou suas redes sociais para compartilhar um vídeo contendo informações falsas, a fim de criticar a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em relação a uma suposta falta de água em partes do projeto de transposição do Rio São Francisco.
O vídeo apresenta um homem mergulhando em um canal em Barbalha, a 400 km de Fortaleza, no Ceará, com a legenda afirmando que a filmagem foi realizada em março de 2022, durante o governo Bolsonaro, com a intenção de sugerir abundância hídrica devido ao projeto. “No entanto, a filmagem foi realizada em maio de 2023, já na gestão petista”, destaca a coluna Painel, da Folha de S. Paulo.
Um segundo vídeo, exibido logo após o primeiro, mostra imagens de um canal aparentemente seco, identificando-o como sendo o mesmo local no Ceará. A intenção é transmitir a ideia de escassez de água.
Ainda conforme a reportagem, o protagonista do vídeo, Rodrigo de Oliveira, que é morador da região, afirma que o canal em que mergulhou em maio está ainda mais cheio devido às chuvas de setembro na região. Daniela Alexandre, esposa de Oliveira, também desmente as alegações do vídeo e destaca que o canal hoje tem mais água do que na época da gravação, em maio. Segundo ela, o nível da água está alto nos últimos meses e o mergulho foi proibido devido ao risco de afogamento.
“O autor do vídeo original que mostra André mergulhando e que foi manipulado por Bolsonaro é André do Cariri, 29, youtuber que é criador do canal Jeito Nordestino. Ele conta que estava na cidade de Barbalha para gravar o corte da árvore cujo tronco é exibido na tradicional Festa do Pau da Bandeira e então filmou Oliveira entrando no canal do chamado Cinturão das Águas, no Ceará”, ressalta a reportagem. O vídeo publicado por Bolsonaro, inclusive, oculta o crédito do Jeito Nordestino com uma tarja.
Daniela Alexandre, esposa de Oliveira, desmente as alegações do ex-presidente, destacando que o canal hoje tem mais água do que na época da gravação, em maio. Segundo ela, o nível da água está alto nos últimos meses e o mergulho foi proibido devido ao risco de afogamento.
O deputado federal Pedro Campos (PSB-PE), coordenador da Frente Parlamentar em Defesa do Nordeste, disse que “a desinformação sobre este tema é recorrente no bolsonarismo. Por sorte, o povo que vive às margens do canal sabe a verdade e mostrou isso nas urnas".
Fonte: Brasil 247 com coluna Painel da Folha de S. Paulo
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