domingo, 22 de outubro de 2023

Argentina pode estar prestes a dar um salto no abismo

 Javier Milei coloca a Argentina diante de um futuro incerto e nebuloso

Candidato presidencial argentino Javier Milei (Foto: REUTERS/Mariana Nedelcu)

BUENOS AIRES (Reuters) – A Argentina pode estar prestes a saltar para o desconhecido político. O país sul-americano, a segunda economia da região depois do Brasil, votará nas eleições presidenciais no domingo com um radical, o libertário Javier Milei, na pole position para vencer, embora provavelmente enfrente um segundo turno.

O economista de cabelos desgrenhados e empunhando uma serra elétrica – que saiu da relativa obscuridade no ano passado – ficou em primeiro lugar nas primárias abertas de agosto e lidera todas as pesquisas de opinião, à frente do ministro da Economia, Sergio Massa, e da conservadora Patricia Bullrich.

Milei, de 52 anos, é um exemplo da raiva dos eleitores argentinos com a inflação que pode atingir 200% este ano, com o aumento dos níveis de pobreza e com a queda do peso, que apaga o valor real dos salários e das poupanças das pessoas. Muitos culpam a elite política e aderiram à retórica de queimar tudo de Milei.


"Não estou interessado em política, mas Milei é uma ficha limpa. Ele pode ser louco, mas pelo menos diz o que pensa", disse Sebastián Pizzo, 33 anos, funcionário de um restaurante em Buenos Aires.

A votação marca uma importante encruzilhada para a Argentina, um dos maiores exportadores de grãos do mundo, o quarto produtor de lítio metálico para baterias elétricas e um crescente mercado de petróleo e gás de xisto que tem atraído investimentos e interesse da Ásia para a Europa.

O país é também o maior – de longe – devedor do Fundo Monetário Internacional (FMI), com um programa de empréstimos pendentes de 44 mil milhões de dólares, bem como enormes dívidas internacionais com detentores de obrigações e uma grande linha de swap cambial com a China.

Quem vencer terá um enorme impacto na posição do país no mundo. Milei criticou a China, prometeu “incendiar” o banco central, privatizar entidades do setor público e dolarizar a economia. Ele é antiaborto e antifeminista.

Milei é o candidato a vencer, mas a eleição continua a ser uma disputa a três, e com as sondagens a revelarem-se pouco fiáveis para as primárias de Agosto (não conseguindo detectar a forte ascensão de Milei), ninguém deveria descartar outra surpresa.

“A verdade é que todos os cenários são possíveis”, disse Mariel Fornoni, diretora da consultoria Management & Fit.

Os pesquisadores geralmente concordam que o resultado mais provável é que Milei fique em primeiro lugar, mas enfrentará um segundo turno frente a frente com Massa em 19 de novembro. Um candidato precisa de 45% dos votos ou 40% com uma vantagem de 10 pontos sobre o segundo. lugar para vencer no domingo.

O analista político Carlos Fara disse que a ascensão de Milei parece marcar o fim do domínio das duas principais facções políticas do país, os peronistas de esquerda atualmente no poder e o principal bloco conservador de oposição.

Fonte: Brasil 247 com Reuters

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