O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu ontem condenar o entregador
Matheus Lima de Carvalho Lázaro, morador de Apucarana (região Norte), terceiro
réu denunciado pela participação nos atos golpistas de 8 de janeiro. Relator
das ações, Moraes defendeu uma pena de 17 anos de prisão para Lázaro, sendo 15
anos e seis meses em regime fechado pelos crimes de os crimes de associação
criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa
de golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e
deterioração de patrimônio tombado.
Oito ministros acompanharam o parecer de Moraes – Cristiano Zanin, Luiz
Fux, Luis Roberto Barroso, Edson Fachin, Carmen Lúcia, Dias Toffoli, Gilmar
Mendes e Rosa Weber. Divergiram apenas André Mendonça e Kassio Nunes Marques,
que foram indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e votaram por penas
menores para o acusado.
Matheus foi preso após invadir o Congresso e tentar voltar para o
acampamento em frente ao Quartel do Exército portando um canivete. Gravações e
mensagens enviadas por ele mesmo à esposa comprovam a participação na invasão e
depredação dos prédios públicos. Segundo as investigações, veio de ônibus de
sua cidade até Brasília, e disse em depoimento que pagou pelas despesas da
viagem.
Chegou na capital federal na manhã de sábado de janeiro, e montou
acampamento na região do QG do Exército. A alimentação ficou por conta dos
organizadores, que forneciam comida em refeições periódicas servidas em
barracas no local.
No dia 8 de janeiro, caminhou em direção à Esplanada dos Ministérios.
Ele disse que já havia muitas pessoas na Praça dos Três Poderes e dentro do
Congresso, no momento em que chegou no local. Ele subiu a rampa da sede do
Legislativo e ficou no teto do edifício, ao lado das cúpulas, orando e
registrando o movimento com celular.
Em audiência, disse que não participou do ato com intuito de invadir os
prédios públicos, e sim de uma manifestação pacífica.“Eu vim para uma marcha da
liberdade”, disse durante audiência.
“Sou contra aborto, contra drogas, por isso que a gente veio manifestar.
Para que não fosse pautado isso, para virar banheiro masculino junto com homem
e mulher, liberação de droga. Foi isso que a gente veio lutar”, afirmou.
Lázaro também alegou que entrou no Congresso quando o local já estava
tomado por manifestantes e circulou dentro de algumas salas. Quando policiais
começaram a jogar bombas, afirmou que resolveu voltar ao acampamento, subindo
de volta pelo Eixo Monumental pelo mesmo caminho que havia feito horas antes.
Na altura do estádio Mané Garrincha, Lázaro foi abordado por policiais
militares e começou a correr. Foi preso por policiais na região da Praça do
Buriti. Ele estava carregando um canivete.
Entregador defendeu “quebrar
tudo”
Em seu
celular, os investigadores encontraram conversas dele com sua esposa, na época
grávida. A mulher demonstrou preocupação com os desdobramentos dos ataques que
acompanhava pela televisão.
Em áudio enviado às 16h36, Lázaro disse para ela que “tem que quebrar
tudo, pra ter reforma, pra ter guerra … Pro exército entrar”.”A gente tem que
fazer isso aí pro exército entrar, e todo mundo ficar tranquilo. O exército tem
que entrar pra dentro”, afirmou na ocasião.
Invasor disse à mulher que era
preciso “intervenção militar”
Ele também disse à mulher que era preciso uma intervenção militar para o
Exército tomar o poder. Lázaro segue preso. De dentro da Papuda, não viu o
nascimento do seu primeiro filho, em 29 de junho.
“É por isso que ‘nóis tá’ aqui;
o Exército toma o poder”
“É por isso que ‘nóis tá’ aqui. Pra intervenção militar… O Exército toma
o poder, entendeu?”. Essa foi uma das últimas frases que o entregador
paranaense disse para sua mulher grávida antes de ser preso com um canivete na
noite do 8 de janeiro. “O exército vem pra gente, amor. Isso que tô falando. O
exército não vai ‘vim’ contra nós. ‘Nóis tá’ fazendo intervenção militar”,
acrescentou, em uma mensagem enviada no fim da tarde, enquanto ainda fazia
parte da turba que invadiu o Congresso.
As mensagens de Matheus para sua mulher fazem parte de um laudo de
perícia criminal da Polícia Civil do Distrito Federal disponibilizado para a
CPMI dos 8 de janeiro, que investiga os ataques golpistas que tomaram de
assalto a capital federal questionando a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva,
pedindo intervenção militar e em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Segundo as informações da polícia, o golpista, preso nas proximidades do
Palácio do Buriti com uma camisa da seleção brasileira de futebol, uma jaqueta
do exército e um canivete de 16 cm, é de Apucarana, no Paraná, e nunca tinha
sido preso antes. Informado sobre seu direito de permanecer em silêncio, quis
dar sua própria versão dos fatos.
Entregador disse ser
“bolsonarista e nacionalista”
Para a polícia, Matheus contou que é entregador, ganha um salário
mínimo, vai à igreja evangélica e gosta de jogar futebol. Também disse ser
“bolsonarista e nacionalista” e ter participado ativamente de “movimentos” de
oposição ao presidente eleito, como o acampamento de sessenta dias em frente ao
30º batalhão de infantaria em sua cidade natal. Foi lá que teria recebido o
convite para participar da viagem a Brasília.
Mais cedo, o STF condenou dois réus pelos cinco crimes. Aécio Pereira,
preso no plenário no Senado, foi condenado a 17 anos de prisão em regime
fechado. Thiago Mathar, preso dentro do Palácio do Planalto, recebeu pena de 14
anos.
Fonte: Brasil 247
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