sexta-feira, 15 de setembro de 2023

STF condena morador de Apucarana a 17 anos de prisão por participar de atos golpistas

 

Matheus Lima de Carvalho Lázaro: entregador pegou 17 anos de prisão. Foto: reprodução/redes sociais

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu ontem condenar o entregador Matheus Lima de Carvalho Lázaro, morador de Apucarana (região Norte), terceiro réu denunciado pela participação nos atos golpistas de 8 de janeiro. Relator das ações, Moraes defendeu uma pena de 17 anos de prisão para Lázaro, sendo 15 anos e seis meses em regime fechado pelos crimes de os crimes de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.

Oito ministros acompanharam o parecer de Moraes – Cristiano Zanin, Luiz Fux, Luis Roberto Barroso, Edson Fachin, Carmen Lúcia, Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Rosa Weber. Divergiram apenas André Mendonça e Kassio Nunes Marques, que foram indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e votaram por penas menores para o acusado.

Matheus foi preso após invadir o Congresso e tentar voltar para o acampamento em frente ao Quartel do Exército portando um canivete. Gravações e mensagens enviadas por ele mesmo à esposa comprovam a participação na invasão e depredação dos prédios públicos. Segundo as investigações, veio de ônibus de sua cidade até Brasília, e disse em depoimento que pagou pelas despesas da viagem.

Chegou na capital federal na manhã de sábado de janeiro, e montou acampamento na região do QG do Exército. A alimentação ficou por conta dos organizadores, que forneciam comida em refeições periódicas servidas em barracas no local.


No dia 8 de janeiro, caminhou em direção à Esplanada dos Ministérios. Ele disse que já havia muitas pessoas na Praça dos Três Poderes e dentro do Congresso, no momento em que chegou no local. Ele subiu a rampa da sede do Legislativo e ficou no teto do edifício, ao lado das cúpulas, orando e registrando o movimento com celular.

Em audiência, disse que não participou do ato com intuito de invadir os prédios públicos, e sim de uma manifestação pacífica.“Eu vim para uma marcha da liberdade”, disse durante audiência.

“Sou contra aborto, contra drogas, por isso que a gente veio manifestar. Para que não fosse pautado isso, para virar banheiro masculino junto com homem e mulher, liberação de droga. Foi isso que a gente veio lutar”, afirmou.

Lázaro também alegou que entrou no Congresso quando o local já estava tomado por manifestantes e circulou dentro de algumas salas. Quando policiais começaram a jogar bombas, afirmou que resolveu voltar ao acampamento, subindo de volta pelo Eixo Monumental pelo mesmo caminho que havia feito horas antes.

Na altura do estádio Mané Garrincha, Lázaro foi abordado por policiais militares e começou a correr. Foi preso por policiais na região da Praça do Buriti. Ele estava carregando um canivete.

Entregador defendeu “quebrar tudo”


Em seu celular, os investigadores encontraram conversas dele com sua esposa, na época grávida. A mulher demonstrou preocupação com os desdobramentos dos ataques que acompanhava pela televisão.

Em áudio enviado às 16h36, Lázaro disse para ela que “tem que quebrar tudo, pra ter reforma, pra ter guerra … Pro exército entrar”.”A gente tem que fazer isso aí pro exército entrar, e todo mundo ficar tranquilo. O exército tem que entrar pra dentro”, afirmou na ocasião.

Invasor disse à mulher que era preciso “intervenção militar”

Ele também disse à mulher que era preciso uma intervenção militar para o Exército tomar o poder. Lázaro segue preso. De dentro da Papuda, não viu o nascimento do seu primeiro filho, em 29 de junho.

“É por isso que ‘nóis tá’ aqui; o Exército toma o poder”

“É por isso que ‘nóis tá’ aqui. Pra intervenção militar… O Exército toma o poder, entendeu?”. Essa foi uma das últimas frases que o entregador paranaense disse para sua mulher grávida antes de ser preso com um canivete na noite do 8 de janeiro. “O exército vem pra gente, amor. Isso que tô falando. O exército não vai ‘vim’ contra nós. ‘Nóis tá’ fazendo intervenção militar”, acrescentou, em uma mensagem enviada no fim da tarde, enquanto ainda fazia parte da turba que invadiu o Congresso.

As mensagens de Matheus para sua mulher fazem parte de um laudo de perícia criminal da Polícia Civil do Distrito Federal disponibilizado para a CPMI dos 8 de janeiro, que investiga os ataques golpistas que tomaram de assalto a capital federal questionando a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, pedindo intervenção militar e em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Segundo as informações da polícia, o golpista, preso nas proximidades do Palácio do Buriti com uma camisa da seleção brasileira de futebol, uma jaqueta do exército e um canivete de 16 cm, é de Apucarana, no Paraná, e nunca tinha sido preso antes. Informado sobre seu direito de permanecer em silêncio, quis dar sua própria versão dos fatos.

Entregador disse ser “bolsonarista e nacionalista”

Para a polícia, Matheus contou que é entregador, ganha um salário mínimo, vai à igreja evangélica e gosta de jogar futebol. Também disse ser “bolsonarista e nacionalista” e ter participado ativamente de “movimentos” de oposição ao presidente eleito, como o acampamento de sessenta dias em frente ao 30º batalhão de infantaria em sua cidade natal. Foi lá que teria recebido o convite para participar da viagem a Brasília.

Mais cedo, o STF condenou dois réus pelos cinco crimes. Aécio Pereira, preso no plenário no Senado, foi condenado a 17 anos de prisão em regime fechado. Thiago Mathar, preso dentro do Palácio do Planalto, recebeu pena de 14 anos.

Fonte: Brasil 247

 

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