Segundo dados do Ministério da
Saúde, em 2021 o Estado contabilizou 1.106 óbitos por lesões autoprovocadas.
Recorde anterior foi em 2019, com 944 ocorrências ao todo
O Paraná registrou um recorde de óbitos por lesões
autoprovocadas intencionalmente, superando pela primeira vez a marca de mil
suicídios consumados ao longo de um ano. É o que revela um levantamento feito
pelo Bem Paraná com base no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do
Ministério da Saúde, o qual aponta que em 2021, último ano com dados
consolidados, 1.106 pessoas se suicidaram no Paraná.
A estatística, inclusive, serve de alerta: é que no nono
mês do ano acontece a campanha Setembro Amarelo, organizada pela Associação
Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina
(CFM), cujo objetivo é prevenir e reduzir esses números.
Para se ter uma dimensão do que os suicídios registrados no
Paraná representam, o número de 2021 equivale a três falecimentos por dia e é
quase o dobro do total de pedestres e ciclistas mortos no Paraná em acidentes
de trãnsito no ano referido (602 pessoas).
Analisando-se a série histórica do SIM, é possível
verificar ainda que desde 1996 até 2021 um total de 17.953 paranaenses
cometeram suicídio. Até 2017, no entanto, o estado não havia registrado, ao
longo de um único ano, mais de 800 óbitos decorrentes de lesões autoprovocadas
intencionalmente.
Em 2018, porém, essa barreira foi rompida pela primeira
vez. Naquele ano, 915 suicídios foram registrados. No ano seguinte, o número
subiu para 944 mortes e em 2020 chegou a cair para 935 ocorrências. Em 2021,
porém, a variação nos registros foi de +18,3% em relação ao ano anterior.
Segundo o missionário redentorista padre Joaquim Parron, do
Movimento SOS Combate à Fome, a situação é reflexo de problemas sociais e
econômicos. “O que eu percebo é que muitas dessas pessoas não tem horizonte de
realização, e a vida perde o sentido não tendo esse horizonte.”
HPP chama atenção para tentativas entre
adolescentes
Por isso, é importante os pais e responsáveis ficarem
atentos aos sinais de alerta, como: isolamento crescente do jove, alteração de
alimentação e piora no desempenho e no comportamento dentro da escola. “São as
coisas que chamam mais a atenção, tem de ficar de olho”, aponta a médica.
Situação não é exclusividade paranaense
Entre as unidades da federação, o Paraná foi o 4º estado
com mais suicídios em 2021, atrás apenas de São Paulo (2.645), Minas Gerais
(1.800) e Rio Grande do Sul (1.517). Desde 1996, no entanto, 251.566 suicídios
foram registrados no país, com 17.953 ocorrências entre os paranaenses. Apenas
SP (50.343), RS (29.667) e MG (28.583) tiveram mais ocorrências na série
histórica.
Se precisar, peça ajuda
“A morte por suicídio é uma emergência médica e pode
ser evitada através do tratamento adequado do transtorno mental de base”,
afirma o presidente da ABP, Antônio Silva.
Ainda
segundo a ABP, todos nós devemos atuar ativamente na conscientização da
importância que a vida tem e ajudar na prevenção do suicídio, tema que
ainda é visto como tabu. É importante falar sobre o assunto para que quem
esteja passando por momentos difíceis busque ajuda e entenda que a vida sempre
vai ser a melhor escolha.
Além disso,
em Curitiba há diversas opções gratuitas ou a preços módicos para aqueles que
precisam de acompanhamento psicológico e não possuem condições financeiras.
O SUS, por exemplo, oferece atendimento e tratamento em todos os serviços da
Rede de Atenção Psicossocial na cidade. Além disso, seis instituições de ensino
(PUCPR, UFPR, Uniandrade, UniBrasil, UP e UTP) oferecem atendimento psicológico
gratuito ou a preços módicos ao público que comprova ter baixa renda.
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