quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Mulher que falou em "tomar o poder de assalto" nega que objetivo do 8/1 tenha sido dar um golpe

 Ana Priscila Azevedo, identificada pela Polícia Federal como uma das organizadoras do 8 de janeiro, depõe à CPI dos Atos Golpistas da Câmara Legislativa do Distrito Federal

Ana Priscila Azevedo (Foto: Eurico Eduardo/Agência CLDF)

Ana Priscila Azevedo, identificada pela Polícia Federal como uma das pessoas envolvidas na coordenação dos eventos ocorridos em 8 de janeiro, em Brasília, relatou em depoimento à Câmara Legislativa do Distrito Federal que a Polícia Militar do DF não tomou medidas contra os terroristas que atacaram as instalações dos Três Poderes. "O que eu vi no dia 8 foi uma polícia inerte, que não fez absolutamente. Sou nascida e criada em Brasília, já participei de inúmeros atos e nunca vi a praça dos Três Poderes desguarnecida. Não tinha contingente policial nenhum. A policia estava inerte. As viaturas, os policiais, todos eles parados", disse, segundo o g1.

Ela depõe nesta quinta-feira (28) à CPI dos Atos Antidemocráticos, está sob custódia desde 10 de janeiro e precisou da autorização do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para comparecer e ser ouvida.


Ana Priscila também destacou que, de acordo com sua observação, havia um "número ínfimo" de policiais presentes na Esplanada naquele dia, e ela passou apenas por uma barreira militar, onde foi submetida a uma revista, mesmo após o início dos atos de vandalismo nos edifícios públicos. "Se a quebradeira já tinha acontecido, por que essas duas barreiras de policiais não nos impediram de ir adiante?", questionou a mulher.

No decorrer de seu depoimento, a bancária enfatizou que o grupo de bolsonaristas não tinha a intenção de promover um golpe de estado. "Queríamos o código-fonte [da urna]. O relatório do Ministério da Defesa em que nos baseamos disse que não excluiu a possibilidade de fraude e que os técnicos não tiveram acesso adequado ao código-fonte".

Segundo suas declarações, os grupos que se alojaram em frente aos quartéis-generais do Exército em várias partes do país, incluindo Brasília, tinham como objetivo principal que as Forças Armadas confirmassem que as eleições de 2022 tinham transcorrido de maneira "transparente". "As Forças Armadas eram como se fosse o VAR. O gol valeu ou não valeu? Era só isso que a gente queria saber".

A bancária também afirmou que, em nenhum momento, o Exército desencorajou os acampamentos. "Bastaria um soldado raso avisar que teríamos que sair e teríamos ido embora".

Ana Priscila foi detida por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) em Luziânia, no Entorno do Distrito Federal, e transferida para a capital. Atualmente, ela se encontra na Penitenciária Feminina do Distrito Federal, conhecida como Colmeia, no Gama. De acordo com as investigações, pelo menos dois dias antes dos ataques às sedes dos Três Poderes, Ana Priscila utilizava um grupo de mensagens no aplicativo Telegram para convocar indivíduos a irem a Brasília com o objetivo de "tomar o poder de assalto". Um dia antes dos atos considerados terroristas, Ana Priscila fez uma postagem em uma rede social na qual declarou que o Brasil iria "parar" e que os Três Poderes seriam "sitiados".

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