segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Ex-comandante do Exército barrou desmonte de acampamento golpista no QG e chamou general de 'irresponsável' e 'maluco'

 Marco Antônio Freire Gomes temia a reação de Jair Bolsonaro em caso de um tumulto a dois dias da posse de Lula

Jair Bolsonaro e General Marco Antônio Freire Gomes (Foto: Isac Nóbrega/PR)

No dia 29 de dezembro de 2022, o então comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, tomou a decisão de interromper a operação de retirada dos manifestantes bolsonaristas acampados em frente ao quartel-general do Exército em Brasília, que defendiam uma intervenção militar para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

“O Dutra é um irresponsável, um maluco. Mandei cancelar a operação”, teria dito Freire Gomes sobre a ordem do então comandante militar do Planalto, general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, de acordo com a coluna do jornalista Marcelo Godoy, do jornal O Estado de São Paulo. Ainda conforme a reportagem, o receio do general era que “se houvesse um tumulto, ninguém saberia qual seria a reação de Jair Bolsonaro a dois dias da posse” de Lula.


O Alto Comando do Exército estava em Brasília, uma vez que no dia Freire Gomes passaria o comando para o general Júlio César Arruda, indicado por Lula para chefiar o Exército. “No dia seguinte, Arruda assumiu o lugar de Freire Gomes sem que Bolsonaro comparecesse à cerimônia. Horas depois, o presidente embarcou para os EUA”, destaca o colunista.

A investigação da Polícia Federal agora busca esclarecer os fatos, atos e omissões que permitiram a manutenção do acampamento de onde saíram os manifestantes bolsonaristas e de extrema direita que atacaram e depredaram as sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro.

O general Dutra já vinha insistindo desde novembro na desmobilização do acampamento, enquanto o general Freire Gomes resistia, temendo a reação de Bolsonaro. Após a intentona golpista, mais de mil pessoas foram presas no acampamento. 

No dia 24 de novembro, Freire Gomes participou, segundo relato do tenente-coronel Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, em sua delação premiada à Polícia Federal (PF), de uma reunião com Bolsonaro. Na ocasião, segundo Cid, Bolsonaro consultou os chefes militares sobre um eventual apoio para um golpe de Estado. O então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, teria dito que as tropas sob seu comando estavam à disposição do então ocupante do Palácio do Planalto.

“Freire Gomes reagiu. Disse – de acordo com a versão de Cid – não ao golpe. Mas não informou ao Ministério Público Federal ou a qualquer outra autoridade o conteúdo da conversa. Freire Gomes tinha medo da reação do presidente. Se o confrontasse, podia ser destituído do cargo", destaca a reportagem. 

Fonte: Brasil 247 com informação da coluna do jornalista Marcelo Godoy, do jornal O Estado de S. Paulo


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