Defesa da deputada declarou que, se não receber acesso aos documentos do processo até a hora do depoimento, às 14h, ela permanecerá em silêncio
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) esteve sob o radar da Polícia Federal (PF) na última semana, no âmbito de uma operação que apura um ataque cibernético aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e tribunais. A parlamentar poderá enfrentar acusações de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica. O hacker Walter Delgatti, conhecido por sua conexão com o caso Vaza Jato, foi detido preventivamente sob suspeita de envolvimento nas invasões. Delgatti alegou à PF que se encontrou com Jair Bolsonaro (PL) e que, nesse encontro, o então chefe do Executivo indagou sobre a possibilidade de invadir o sistema das urnas eletrônicas.
Zambelli prestaria depoimento à PF na última quinta-feira (3), mas, citando compromissos de viagem, solicitou que a audiência fosse postergada para esta segunda-feira (7), informa o Metrópoles. Em comunicado, sua defesa declarou que, se não receber acesso aos documentos do processo até a hora do depoimento, às 14h, Zambelli permanecerá em silêncio. O comunicado afirmou ainda que, embora a deputada deseje se manifestar e esclarecer todas as questões, a orientação da defesa é aguardar o fornecimento de cópias completas do inquérito e das medidas cautelares, visando garantir a defesa plena, o contraditório e o devido processo legal.
Durante o depoimento, Zambelli deverá elucidar sua relação com Delgatti. Em uma coletiva de imprensa realizada no dia da operação, a deputada revelou que teve contato com o hacker por algum tempo e que se encontraram em três ocasiões. Ela disse: "o que tenho de relação com o Walter é que o conheci saindo de um hotel. Ele sempre trocava de telefone, eu queria falar cara a cara. Nos encontramos três vezes e conversamos sobre tecnologia".
Na decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, a polícia foi autorizada a analisar o conteúdo de dispositivos eletrônicos apreendidos, incluindo dados, arquivos eletrônicos, mensagens e e-mails, armazenados em computadores, servidores e serviços de armazenamento em nuvem.
Transações financeiras rastreadas pela PF mostraram que Delgatti recebeu R$ 13,5 mil por meio do sistema Pix, provenientes de pessoas próximas a Zambelli. A investigação levantou a possibilidade de dinheiro público ter sido usado nesses pagamentos. Zambelli declarou que os pagamentos estavam relacionados ao seu site e a melhorias nele, e não foram feitos com recursos públicos. No entanto, registros de transparência da Câmara dos Deputados indicam que, entre outubro de 2022 e abril deste ano, Zambelli pagou um total de R$ 94 mil a um serviço de divulgação parlamentar, cuja proprietária é Monica Romina Santos de Sousa, esposa de Jean Hernani Guimarães Vilela, assessor da deputada.
Segundo Delgatti, Zambelli o teria apresentado ao presidente do PL, Valdemar Costa Neto, para discutir a possibilidade de integrá-lo a uma equipe de consultores encarregada de fiscalizar as urnas eletrônicas. Diante da suspeita de que Zambelli tenha pedido a Delgatti para invadir as urnas, ela deverá explicar à PF sua motivação por trás da formação da equipe de consultores.
Além disso, Zambelli também deverá esclarecer o encontro que intermediou com Bolsonaro. Ela relatou: "uma vez, o ajudei a vir a Brasília, ele disse que teria provas e serviços a oferecer ao PL e o levei a Valdemar da Costa Neto. Fizemos uma reunião". Zambelli acrescentou que Delgatti se ofereceu para participar de uma auditoria nas eleições e que Bolsonaro questionou a confiabilidade das urnas. Contudo, a reunião não teve continuidade devido às limitações de acesso estabelecidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O encontro teria ocorrido no Palácio do Planalto.
Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles
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