quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Wassef diz que recomprou Rolex vendido por Mauro Cid nos EUA com intenção de 'devolvê-lo à União'

 O relógio de luxo foi um presente de autoridades sauditas a Bolsonaro em 2019. Segundo a PF, o item foi levado para os Estados Unidos e lá foi vendido ilegalmente por Mauro Cid

Frederick Wassef (Foto: Globo News/Reprodução)

Advogado de Jair Bolsonaro (PL), Frederick Wassef afirmou, em entrevista coletiva nesta terça-feira (15) na capital paulista, que viajou aos Estados Unidos para recomprar o relógio Rolex dado por autoridades sauditas com a intenção de repassar o item para o governo federal. "O meu objetivo quando comprei esse relógio era exatamente para devolvê-lo à União, ao governo federal do Brasil, Presidência da República, e isso inclusive por decisão do Tribunal de Contas da União", afirmou Wassef.

O defensor disse que a compra na loja foi feita com dinheiro dele, "do meu banco". Afirmou que só tomou conhecimento das joias no início deste ano, após ser procurado pela imprensa. Ele citou Fabio Wajngarten, ex-chefe da Secom no governo Bolsonaro. Também negou ter relação de amizade com Mauro Cid, que foi ajudante de ordens do ex-ocupante do Planalto. As declarações do advogado foram publicadas nesta terça-feira (15) no portal G1.


Na entrevista, Wassef disse que só conseguiu mais detalhes do caso das joias pela imprensa. "Eu disse que não sabia de nada, mas que eu ia ligar para Bolsonaro e retornava. Liguei, o presidente me disse: Fred, pode fazer uma nota, você vai ser o meu advogado nesse caso e falar em meu nome. E fizemos uma ligação: eu, Bolsonaro e Fabio Wajngarten, e Bolsonaro deu uma ordem: é o Fred, faça a nota e publique. Antes disso, não é que eu nunca vi nenhuma joia, nenhum presente", afirmou.

Wassef negou ter participado de uma "operação de resgate" da joia a mando do tenente-coronel Mauro Cid. Por lei, produtos dados por outras nações devem pertencer ao Estado brasileiro, e não ser incorporados a patrimônio pessoal. Nesta terça, o advogado afirmou que a viagem aos EUA já estava marcada e teria fins pessoais. De acordo com Wassef, a compra na loja foi feita com dinheiro dele, "do meu banco". O defensor afirmou que a compra foi declarada à Receita Federal.

"Usei do meu dinheiro para pagar o relógio. O meu objetivo quando comprei o relógio era cumprir decisão do Tribunal de Contas da União (TCU). O governo do Brasil me deve R$ 300 mil", continuou Wassef, enquanto mostrava um recibo de compra no valor de US$ 49 mil. "Eu fiz o relógio chegar ao governo", afirmou o advogado sem dizer o caminho feito pela joia para entrar no país.

Em 15 de março, o Tribunal de Contas da União (TCU) deu um prazo de cinco dias úteis para que Bolsonaro entregasse ao tribunal joias suíças da marca Chopard, em ouro branco, recebidas como presente do governo da Arábia Saudita em viagem oficial de 2019.

O relógio de luxo foi um presente de autoridades sauditas a Bolsonaro durante uma viagem oficial do então presidente da República em 2019 à Arábia Saudita e ao Catar. De acordo com a Polícia Federal, o item foi levado para os Estados Unidos – para onde Bolsonaro viajou às vésperas de deixar a Presidência – e lá foi vendido ilegalmente por Mauro Cid.

Investigadores apuram se Wassef teve participação no esquema. Quem também é investigado é o general Mauro César Cid, pai do tenente-coronel, que atualmente está preso após acusação de envolvimento em um esquema de fraudes em cartões de vacina.

A Polícia Federal pediu ao Supremo Tribunal Federal a quebra de sigilo fiscal e bancário, mais a realização de interrogatório com Bolsonaro sobre um esquema internacional de venda ilegal de joias e presentes recebidos durante o governo dele.

Policiais federais têm indícios de que os envolvidos no esquema pretendiam ganhar dinheiro ilegalmente com a venda de joias recebidas por governos de outros países. O ex-chefe do Executivo federal e aliados receberam presentes da Arábia Saudita e do Bahrein, dois países do continente asiático.

Fonte: Brasil 247 com portal G1

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