O Nordeste reúne apenas 17,6% dos automóveis do país e foi palco de 2.887 abordagens naquele dia. Já no Sudeste, que tem 47,8% da frota nacional, foram 2.543 abordagens
No decorrer do segundo turno das eleições de 2022, a Polícia Rodoviária Federal (PRF), sob a liderança de Silvinei Vasques, concentrou grande parte de suas operações na região Nordeste. O Nordeste, apesar de reunir apenas 17,6% dos carros do país, foi alvo de um terço das operações realizadas, de acordo com dados obtidos pelo jornal O Globo. Foi esta ação da PRF que levou Vasques a ser preso nesta quarta-feira (9) pela Polícia Federal, na Operação Constituição Cidadã, por tentar fraudar as últimas eleições.
Durante essa fase do pleito, a atenção da PRF foi dirigida principalmente ao Nordeste, onde o então candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) obteve uma vantagem considerável sobre Jair Bolsonaro (PL) no primeiro turno. Cerca de um em cada três veículos abordados estava na região Nordeste.
A prisão de Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da PRF, ocorreu em meio às investigações que visam apurar a suspeita de interferência nas eleições presidenciais. A operação, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), contou com o apoio da Corregedoria da PRF. A PF alega que membros da PRF alocaram recursos humanos e materiais para dificultar o trânsito de eleitores durante o segundo turno.
No Nordeste, foram realizadas 2.887 abordagens de veículos relacionadas a inspeções de equipamentos obrigatórios e identificação veicular, como parte das operações. Esse número corresponde a 31,6% de todas as abordagens no país (totalizando 9.133). Em comparação, no Sudeste, que abriga 47,8% da frota nacional, a PRF abordou 2.543 veículos, representando 27,8% das abordagens.
Durante a primeira etapa do pleito, Lula conquistou 66,76% dos votos válidos no Nordeste, em contraste com 26,97% de seu principal oponente. Já no Sudeste, Bolsonaro liderou com 47,56% dos votos contra 42,63%. Em outras regiões, houve um equilíbrio entre a quantidade de veículos abordados e o tamanho da frota de cada local, incluindo carros, motos, ônibus e táxis.
Os números levantam questionamentos sobre a possível desproporcionalidade na atuação da PRF no Nordeste, suspeitando-se de motivações políticas. Tal questão é investigada pela PF, que está direcionando suas apurações para figuras como o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e Silvinei Vasques. A investigação visa determinar se os bloqueios implantados nos estados do Nordeste foram planejados para dificultar a participação dos eleitores de Lula.
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo
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