sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Moraes decide proibir comunicação de Bolsonaro e Michelle com Mauro Cid

 Ministro do STF toma medida em meio a investigações de fraude em certificados de vacinação e desvio de bens

Mauro Cid (Foto: Reprodução)

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, emitiu uma ordem proibindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro de manterem qualquer tipo de comunicação com Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que está atualmente sob custódia devido a suspeitas de fraude em certificados de vacinação. A decisão do ministro, datada da última quarta-feira (23), alega que a proibição é necessária para assegurar a continuidade das investigações em curso. Moraes enfatiza que a incomunicabilidade entre os investigados é crucial para a conveniência da instrução criminal, uma vez que há vários fatos que dependem da finalização das medidas investigativas.

Moraes declarou: "Existem diversos fatos cujos esclarecimentos dependem da finalização das medidas investigativas, notadamente no que diz respeito à análise do material apreendido e realização da oitiva de todos os agentes envolvidos."


Além de Bolsonaro e Michelle, Mauro Cid também está proibido de se comunicar com sua esposa, Gabriela Cid, assim como outros alvos da investigação, incluindo o ex-assessor de Bolsonaro, Marcelo Câmara, e o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ). A decisão de Moraes foi tomada após a análise dos dados recuperados do celular de Mauro Cid, que revelaram indícios de desvio de bens de alto valor patrimonial entregues a Bolsonaro por autoridades estrangeiras. A investigação sugere que o ex-ajudante de ordens levou joias e relógios aos Estados Unidos com a intenção de revendê-los, levantando a possibilidade de que o dinheiro obtido pudesse ser destinado a Bolsonaro.

Moraes afirmou: "A análise dos dados armazenados no telefone celular apreendido em poder de Mauro Cesar Barbosa Cid revelou indícios de que houve desvio de bens de alto valor patrimonial entregues por autoridades estrangeiras ao ex-Presidente da República ou agentes públicos a seu serviço, e posterior ocultação da origem, localização e propriedade dos valores provenientes, sendo revelados novos fatos e agentes envolvidos."

Mauro Cid prestou depoimento à Polícia Federal sobre o caso do hacker Walter Delgatti, que foi detido após invadir os computadores do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ele chegou à sede da PF por volta das 14h e saiu após as 20h. Seu advogado, Cezar Bitencourt, afirmou que ele respondeu às perguntas feitas durante o depoimento. Delgatti, por sua vez, já havia sido ouvido na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas na semana passada, onde alegou que Bolsonaro teria oferecido a ele um possível indulto em troca de manipular as urnas eletrônicas e minar as eleições de 2022, além da proposta de plantar escutas ilegais contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF.

Cid também foi convocado para depor em outras CPIs, mas manteve-se calado, não se pronunciando sobre as acusações de desvio de joias pelo governo Bolsonaro ou sobre a possível falsificação de cartões de vacina que levaram à sua prisão este ano. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro recentemente contratou uma nova equipe de defesa. Na semana passada, seu advogado, Cezar Bitencourt, afirmou à revista Veja que Cid confessaria o caso das joias e implicaria o ex-presidente como mandante do esquema, mas depois recuou e apresentou versões divergentes. Bitencourt se encontrou com o ministro Alexandre de Moraes por dez minutos, sem que o conteúdo da conversa fosse divulgado.

Fonte: Brasil 247

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