terça-feira, 1 de agosto de 2023

Coaf aponta movimentações atípicas de empresa que forneceu blindados à PRF durante o governo Bolsonaro

 Na CPMI do 8 de janeiro, Silvinei Vasques, ex-diretor da PRF no governo Bolsonaro, foi confrontado com cartão de visitas que exibe seu nome como vice-presidente da empresa

Jair Bolsonaro e o diretor da PRF, Silvinei Vasques (Foto: REUTERS/Ricardo Moraes | Reprodução/Instagram)

O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão de combate à lavagem de dinheiro, detectou movimentações financeiras suspeitas por parte da Combat Armor Defense do Brasil, empresa fornecedora de veículos blindados para a Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), diz a jornalista Mônica Bergamo em sua coluna no jornal Folha de S. Paulo. 

“De acordo com relatório do Coaf em posse da CPI do 8 de janeiro, que investiga os ataques golpistas às sedes dos três Poderes, a Combat Armor tem realizado movimentações incompatíveis com sua capacidade econômica e recebido valores que são debitados imediatamente de suas contas”, destaca a reportagem. 


Saques em espécie feitos de forma fragmentada e dentro de um período de cinco dias também levantaram suspeitas sobre tentativas de ocultar o valor total das operações e evitar comunicação às autoridades.

As transações foram realizadas durante a gestão de Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da PRF, e já estão sendo investigadas pelo Ministério Público Federal (MPF) devido a suspeitas de irregularidades em licitação. A PRF pagou pelo menos R$ 30 milhões entre 2020 e 2022 para a blindagem de viaturas e fabricação de veículos blindados.

Ainda conforme a reportagem, o relatório do Coaf destaca ainda que durante uma visita às instalações da empresa, no endereço indicado por um representante, "não foram encontrados veículos e nenhum tipo de maquinário" para a realização de blindagem e que a Combat Armor forneceu "informação de difícil ou onerosa verificação".

Fundada nos EUA por um apoiador do ex-presidente Donald Trump e instalada no Brasil em 2019, a Combat Armor tinha, inicialmente, um faturamento médio mensal de R$ 58,5 mil, segundo o Coaf. Contudo, entre junho de 2021 e abril do ano passado, a empresa recebeu R$ 4,8 milhões, sendo mais de R$ 3 milhões provenientes de pagamentos feitos pela PRF e R$ 1,7 milhão do governo do Rio de Janeiro.

Durante o mesmo período, foram debitados R$ 4,7 milhões de sua conta, com destino a outras empresas e contas da própria Combat Armor. O Coaf enfatizou que essa movimentação não condiz com o faturamento declarado. 

De abril de 2022 a junho deste ano, os créditos recebidos totalizaram R$ 18,6 milhões, com movimentações igualmente consideradas suspeitas e incompatíveis com o faturamento mensal.

Ao abordar as movimentações financeiras do ano passado e de 2023, o Coaf reitera que, durante visita às instalações da empresa, ocorreram "controvérsias sobre os serviços" prestados e não foram vistos instrumentos para a blindagem de carros.

Silvinei Vasques, responsável pelos contratos entre a PRF e a Combat Armor, foi questionado sobre sua relação com a empresa em depoimento à CPI do 8 de janeiro. Ele admitiu ter solicitado emprego à empresa após deixar o comando da corporação, mas negou ter sido contratado. Em confronto com um cartão de visitas da Combat Armor que trazia seu nome como vice-presidente, Silvinei disse desconhecer sua origem.

Fonte: Brasil 247 com Mônica Bergamo na sua coluna na Folha de S. Paulo

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