sexta-feira, 28 de julho de 2023

Spoofing: novos diálogos mostram como Lava Jato distorcia os fatos para manipular a opinião pública

 Em 2016, Deltan Dallagnol e demais procuradores arquitetaram com procurador suíço uma estratégia para reverter notícia que cairia como “uma bomba” no Brasil

Deltan Dallagnol (Foto: REUTERS/Rodolfo Buhrer)

Na mais recente revelação vinda dos arquivos da Operação Spoofing, novos diálogos mostram como a força-tarefa da Operação Lava Jato distorcia os fatos e manipulava a opinião pública para proteger sua imagem e avançar na investigação e perseguição a agentes políticos. No dia 20 de janeiro de 2016, o então procurador suíço Stefan Lenz enviou mensagens aos procuradores brasileiros revelando "más notícias" sobre a transferência de documentos bancários que estavam sendo usados na Lava Jato.

Lenz informou que a Justiça suíça havia declarado a transferência dos documentos como "ilegal" e que a Odebrecht, envolvida no caso, havia obtido uma decisão favorável, freando o uso dos documentos por alguns meses. Diante dessa notícia preocupante, o então procurador responsável pela operação, Deltan Dallagnol ,e sua equipe arquitetaram uma estratégia midiática para manipular a divulgação da decisão no Brasil.


Os diálogos, trazidos à tona pelos jornalistas Leandro Demori, Jamil Chade, do UOL, e pelo ICL, revelam que a Lava Jato pretendia fazer parecer que a decisão da Justiça suíça não teria impacto na investigação brasileira. Dallagnol expressou preocupação com a reação pública, mas ressaltou a importância de colocar os fatos sob uma perspectiva que favorecesse a operação. O objetivo era minimizar a derrota e construir uma narrativa que permitisse à Lava Jato continuar sua atuação de forma positiva aos olhos da população.

A estratégia incluía a colaboração com a imprensa para disseminar informações favoráveis e desviar o foco da notícia negativa. Dallagnol sugeriu que a equipe poderia apresentar uma teoria alternativa para justificar o uso dos documentos, chamando-a de "descoberta inevitável", caso eles tivessem sido obtidos de outra maneira.

Em uma das conversas, Lenz deixou claro que sua equipe de comunicação estava preparando um texto para a imprensa, e pediu que os jornalistas fossem encaminhados para o Escritório do Procurador Geral para obter informações sobre a decisão. Essa colaboração estratégica visava garantir que a versão distorcida dos fatos fosse amplamente divulgada.

Esse episódio confirma como a Lava Jato atuava com viés político e manipulava informações para atingir seus objetivos.

Fonte: Brasil 247 com UOL

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