segunda-feira, 24 de julho de 2023

Preços de carros novos têm maior queda em 11 anos com programa de descontos do governo Lula


Programa de incentivos do governo Lula resultou em uma queda de 2,76% no preço dos veículos novos ao longo de junho e influenciou no recuo da inflação, diz o IBGE

(Foto: ABR | Ricardo Stuckert/PR)

O programa de incentivos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) resultou em uma queda de 2,76% no preço dos veículos novos ao longo de junho, de acordo com dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na semana passada. A retração é a maior registrada em 11 anos. 

Segundo a Folha de S. Paulo, a queda de 2,76% nos preços dos carros novos tiveram a maior contribuição individual (-0,09 ponto percentual) para a deflação de 0,08% do IPCA em junho. Porém, com o término dos descontos, espera-se que os carros zero-quilômetro apresentem um aumento de 0,7% no índice de inflação em julho, de acordo com a projeção do economista André Braz, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas). Para o IPCA como um todo, a estimativa é um avanço de 0,15% neste mês, de acordo com o economista. 


"A medida do governo federal não terá efeito duradouro. Da mesma forma que abriu espaço para um alívio em junho, pode acelerar a inflação em julho. Agora, os preços voltam a subir", aponta o economista. A queda de 2,76% foi a maior registrada para veículos novos no IPCA desde junho de 2012, quando a retração dos preços chegou a 5,48%, também impactada por uma medida do governo federal para estimular o consumo. Naquela ocasião, os automóveis tornaram-se mais acessíveis devido a uma redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) anunciada pela gestão Dilma Rousseff (PT).

Após o impacto do programa de descontos do governo Lula, a produção e venda de automóveis tendem a enfrentar obstáculos no Brasil, de acordo com analistas. Kalume Neto afirma que o setor está sentindo os reflexos dos juros altos e das restrições na concessão de crédito. "O programa do governo movimentou o setor, evitou mais paradas de fábricas, mas é momentâneo", diz. "Temos o copo meio cheio e o meio vazio. Os juros ainda estão altos, assim como os preços dos veículos. Tudo isso está impedindo o consumidor de comprar um carro", acrescenta.

O economista André Braz segue na mesma linha. Segundo ele, o Banco Central tende a cortar a taxa básica de juros (Selic) em agosto, mas essa redução não deve ter grandes efeitos "de uma hora para outra" no setor automotivo. Atualmente, a Selic está em 13,75% ao ano. "Se a Selic cair 0,25 ponto percentual, não vai mudar significativamente o juro do financiamento automotivo. O que vai contar é o acúmulo de cortes ao longo do tempo", afirma Braz. 

O programa de incentivos do governo Lula para veículos de até R$ 120 mil entrou em vigor no início de junho, com duração de um mês. O término foi confirmado em 7 de julho. A estimativa do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) é que 125 mil unidades tenham sido vendidas com descontos. 

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

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