“De vez em quando alguém falava alguma coisa. Agora, ninguém tentou me convencer [a dar um golpe]”, afirmou Bolsonaro, que chamou os terroristas do 8 de janeiro de "pobres pessoas"
Jair Bolsonaro (PL) confirmou em entrevista à Crusoé ter ‘pensado’ em dar um golpe de estado no Brasil: “pensar, todo mundo pensa. De vez em quando alguém falava alguma coisa. Agora, ninguém tentou me convencer”. Apesar de ter espalhado por diversas vezes a mentira de que o artigo 142 da Constituição Federal daria às Forças Armadas o status de ‘poder moderador’ para intervir nos Três Poderes na República, Bolsonaro negou ter cogitado invocá-lo. “Quando você fala de Estado de Defesa, de Estado de Sítio, de art. 142, são todos remédios previstos na Constituição. Se o presidente decide acionar o art. 142, precisa enfrentar as condicionantes, explicar o porquê de se fazer aquilo. Você tem que ouvir o Conselho da República. Então, houve alguma assinatura em qualquer documento da minha parte? Não houve nada. Eu convoquei os conselhos da República e da Defesa para tratar desse assunto? Não”.
“Dar um golpe é a coisa mais fácil que tem. O duro é o day after, o dia seguinte. Como é que o mundo vai se relacionar conosco? Temos experiência de países que tomaram medidas de força e as consequências são péssimas. Você não vê uma ação minha fora das quatro linhas. Na minha intimidade, eu fiquei revoltado quando o [Alexandre] Ramagem não pôde assumir a PF. Busquei contornar sem uma medida drástica. Quem hoje é o diretor da PF? Um amigo íntimo do Lula. Comigo não foi possível. Há uma diferença. Eu fui discriminado durante todo o mandato”, declarou, em mais uma tentativa de se vitimizar.
Questionado sobre as conversas de teor golpista encontradas no celular de seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, que está preso, Bolsonaro minimizou: “o telefone do Mauro Cid era um telefone público. Uma caixa de mensagens. Quando havia qualquer problema, informação sobre agenda, questões de ministros, tudo era no telefone dele. Se ele tivesse maldade, de três em três meses teria sumido com o telefone e com as mensagens, mas ficou tudo aberto”. Ainda segundo ele, “é comum você falar uma coisa que não queria e, depois que acontece, você se arrepende. Jamais alguém ia tratar de golpe por WhatsApp”.
Bolsonaro ainda tratou os terroristas do 8 de janeiro como “pobres pessoas que se viram tentadas a entrar no Parlamento”. “Não era para terem entrado. Os acampamentos já estavam se esvaindo. Os mais de 100 ônibus que foram para a capital, a grande maioria era bem-intencionada. Se a vontade de buscar a verdade viesse a prevalecer, você rapidamente já teria colocado em liberdade as pessoas que estão presas”.
Fonte: Brasil 247 com Revista Crusoé
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