Sergio Moro disse no Twitter esperar que as novas revelações do caso Marielle Franco,
baseadas na delação premiada de Élcio de Queiroz, façam o governo
Lula “morder a língua”.
“Ministro da Justiça pede a PF a instauração
de inquérito com base em ‘prova’ ilícita. Uma vergonha. Estado de Direito
jogado pela janela. Nem vou discutir o mérito do acordo, aliás aprovado na
época pelo Conselho Superior do MPF e elogiado internacionalmente”, escreveu.
“Espero, aliás, que identifiquem o
mandante e mordam a língua. Foram delatores que também revelaram a roubalheira
na Petrobras durante os governos do PT.”
Para além do fato de a colaboração premiada do miliciano ser amparada em
provas, e não pintando o alvo para depois atirar a flecha, como fazia a Lava
Jato, Moro deixa evidente seu incômodo com o avanço de uma investigação sobre
qual ele se sentou quando ministro da Justiça de Bolsonaro.
Pior: ele chegou a confessar, publicamente,
que apoiou — sim, apoiou — o então presidente quando ele foi “injustamente
atacado”: enviou ofício ao procurador-geral da República, Augusto Aras,
apontando “possível equívoco na investigação conduzida no Rio de Janeiro ou
eventual tentativa de envolvimento indevido do nome do presidente da República
no crime em questão”.
Em novembro de 2019, o funcionário do
condomínio Vivendas da Barra declarou à Polícia Civil do Rio que Queiroz, na
hora de se identificar, afirmou que iria para a casa 58, de Bolsonaro.
Bolsonaro pressionou Moro e o pau mandado acionou a Procuradoria-Geral da República para abrir um inquérito para investigar o depoimento do porteiro.
Em depoimento à PF em 2021, Bolsonaro reconheceu que cobrou-lhe “maior empenho”, com “insistentes pedidos para o ex-ministro Moro solucionar rapidamente o caso”.
O ministro solucionou, à sua maneira, indo atrás de um porteiro e deixando o caminho livre para a milícia tão cara ao chefe.
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