terça-feira, 25 de julho de 2023

Moro tinha lado no caso Marielle: confessou que “apoiou” Bolsonaro e mandou investigar o porteiro

 

Moro e Bolsonaro. Foto: Reprodução


Sergio Moro disse no Twitter esperar que as novas revelações do caso Marielle Franco, baseadas na delação premiada de Élcio de Queiroz, façam o governo Lula “morder a língua”.

“Ministro da Justiça pede a PF a instauração de inquérito com base em ‘prova’ ilícita. Uma vergonha. Estado de Direito jogado pela janela. Nem vou discutir o mérito do acordo, aliás aprovado na época pelo Conselho Superior do MPF e elogiado internacionalmente”, escreveu.

“Espero, aliás, que identifiquem o mandante e mordam a língua. Foram delatores que também revelaram a roubalheira na Petrobras durante os governos do PT.”


Para além do fato de a colaboração premiada do miliciano ser amparada em provas, e não pintando o alvo para depois atirar a flecha, como fazia a Lava Jato, Moro deixa evidente seu incômodo com o avanço de uma investigação sobre qual ele se sentou quando ministro da Justiça de Bolsonaro.

Pior: ele chegou a confessar, publicamente, que apoiou — sim, apoiou — o então presidente quando ele foi “injustamente atacado”: enviou ofício ao procurador-geral da República, Augusto Aras, apontando “possível equívoco na investigação conduzida no Rio de Janeiro ou eventual tentativa de envolvimento indevido do nome do presidente da República no crime em questão”.

Em novembro de 2019, o funcionário do condomínio Vivendas da Barra declarou à Polícia Civil do Rio que Queiroz, na hora de se identificar, afirmou que iria para a casa 58, de Bolsonaro.


O funcionário declarou em depoimento que quem liberou a entrada teria sido o “seu Jair”. Num segundo depoimento, voltou atrás.

Bolsonaro pressionou Moro e o pau mandado acionou a Procuradoria-Geral da República para abrir um inquérito para investigar o depoimento do porteiro.

Em depoimento à PF em 2021, Bolsonaro reconheceu que cobrou-lhe “maior empenho”, com “insistentes pedidos para o ex-ministro Moro solucionar rapidamente o caso”.

O ministro solucionou, à sua maneira, indo atrás de um porteiro e deixando o caminho livre para a milícia tão cara ao chefe.

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