Ajudante de ordens de Bolsonaro "reuniu documentos com o objetivo de obter suporte jurídico e legal para a execução de um golpe de estado", de acordo com Alexandre de Moraes
A Polícia Federal descobriu no celular do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PT), coronel Mauro Cid, uma minuta de decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e alguns "estudos" que, de acordo com os investigadores, visavam dar suporte a um possível golpe de estado.
A GLO permite que o presidente da República convoque as Forças Armadas em situações de perturbação da ordem pública. Os detalhes sobre essa nova evidência, que ainda não foram divulgados ao público, foram revelados após Cid depor na sede da PF em Brasília nesta terça-feira (6), de acordo com Malu Gaspar, do jornal O Globo.
Segundo o despacho do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes que autorizou o depoimento de Cid, o ex-ajudante de ordens "reuniu documentos com o objetivo de obter suporte jurídico e legal para a execução de um golpe de estado". O material encontrado trata "da possibilidade de emprego das Forças Armadas em caráter excepcional, destinados a garantir o funcionamento independente e harmônico dos poderes da União". A Polícia Federal também realizou busca e apreensão na residência de Bolsonaro em Brasília, porém, até o momento, não há indícios de que o material tenha sido enviado a ele por meio do celular.
Durante o depoimento, Cid se recusou a falar, optando pelo silêncio. Os documentos recolhidos estavam em mensagens trocadas com o sargento Luis Marcos dos Reis, que também foi preso na mesma operação que investiga fraudes nos cartões de vacinação, incluindo o de Bolsonaro e sua filha Laura. Reis será ouvido pela PF nesta quarta-feira (7). Essa apreensão de material relacionado aos cartões de vacinação resultou em um novo inquérito sobre a participação desse grupo nos preparativos para um golpe de estado. Foi nesse contexto de investigação que Cid foi ouvido nesta terça-feira.
Áudios previamente divulgados pela CNN revelam conversas entre Cid, o ex-major Ailton Barros (também preso) e o coronel e ex-secretário executivo do Ministério da Saúde Elcio Franco, discutindo como mobilizar o comandante do Exército para um golpe. Essas conversas também são abordadas nas novas mensagens examinadas pela PF. Além da minuta e dos pareceres recebidos de diversas pessoas, Cid e Reis também trocam ideias sobre como convencer outras autoridades do Exército a aderir ou colaborar com a GLO. Acredita-se que esse conjunto de mensagens compartilhadas em dezembro faça parte dos esforços do grupo de auxiliares de Bolsonaro relacionados aos atos golpistas de janeiro.
A Polícia Federal está investigando a possibilidade de que o plano fosse editar o decreto de GLO e, posteriormente, a minuta do golpe encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Esse documento, apreendido no armário de Torres, criava um "estado de defesa" no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e concedia a Bolsonaro poderes para interferir na atuação da Corte, o que é claramente inconstitucional.
As investigações estão em andamento, e as autoridades buscam identificar os responsáveis pela elaboração desses documentos e para quem eles estavam sendo compilados.
Fonte: Brasil 247 com informações da coluna de Malu Gaspar no jornal O Globo
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