"Temos de fortalecer setores progressistas, porque a direita fascista tem crescido", afirmou o presidente
BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira na abertura da 26ª edição do Foro de São Paulo, evento que reúne movimentos e partidos políticos de esquerda, que a democracia não é um pacto de silêncio e sim uma sociedade em movimento e disse ser preferível governantes do campo progressista do que da direita, mesmo quando cometem erros.
Ao fazer um apelo aos integrantes do Foro, articulação entre os representantes da esquerda na América Latina, para que se unam diante do crescimento da extrema-direita, Lula reforçou a importância do caráter democrático de seu campo político.
"Nós estamos em uma trincheira. Além de cuidar do nosso país, nós temos que cuidar de fortalecer o papel de setores progressistas e democráticos da sociedade nesse mundo, porque a direita fascista, ela tem crescido", disse o presidente, lembrando, inclusive, que o caráter democrático inclui poder discutir seus erros.
"É muito melhor ter um companheiro da gente cometendo alguns equívocos para a gente criticar do que ter alguém de direita governando que não permite sequer que a gente tenha espaço para fazer crítica", afirmou.
Em relação a críticas internas, Lula defendeu que sejam feitas pessoalmente e não publicamente para evitar o fortalecimento dos adversários e a divisão da esquerda.
Dirigindo-se ao público, o presidente afirmou que "não podemos criar problemas uns para os outros". Ponderou, no entanto, que críticas e adversidades fazem parte do sistema democrático.
"A gente gosta de democracia, a gente gosta de ter gente protestando contra a gente, a gente gosta quando tem greve contra a gente, a gente gosta quando negocia. Nada disso é contra a democracia. Tudo isso é resultado da democracia", disse.
"A democracia não é um pacto de silêncio. A democracia é uma sociedade em movimento em busca de melhores dias, de melhores conquistas e de melhor qualidade de vida", afirmou, acrescentando que nenhum dirigente pode se incomodar com a democracia.
Lula aproveitou ainda para rebater o uso pejorativo do termo "comunista" para descrever integrantes do grupo. O presidente disse que, por outro lado, ficaria ofendido se fosse chamado de fascista, neonazista ou terrorista.
O Foro de São Paulo é uma articulação de partidos e movimentos políticos de esquerda e progressistas criada em 1990, durante encontro na cidade de São Paulo. O grupo reúne atualmente 123 partidos membros de 27 países.
CONCEITO VARIÁVEL – Mais cedo, em entrevista à Rádio Gaúcha, Lula afirmou que o conceito de democracia varia para cada pessoa e que a Venezuela tem mais eleições que o Brasil.
O presidente brasileiro destacou aos entrevistadores da rádio que quem desejar derrotar o presidente Nicolás Maduro o faça nas urnas nas próximas eleições.
O regime do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, é classificado por parte da comunidade internacional como uma "ditadura". Entre as principais críticas ao regime venezuelano estão as denúncias de fraude e falta de legitimidade nos processos eleitorais do país.
Na entrevista, Lula fez questão de dizer que defende a democracia e que foi a democracia que permitiu a ele eleger-se pela terceira vez à Presidência. Lembrou ainda dos ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília em 8 de janeiro e disse que, das vezes que perdeu eleições, aceitou o resultado das urnas.
Fonte: Brasil 247 com Reuters
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