quinta-feira, 1 de junho de 2023

Na CPI, Caiado acusa MST de 'barbaridades', mas 'esquece' tio na lista suja do trabalho escravo (vídeos)

 Sâmia Bomfim lembrou financiador de Caiado indiciado por tráfico de drogas e parentes denunciados por trabalho escravo

Ronaldo Caiado (Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)


Rede Brasil Atual - Mais uma vez, a CPI do MST foi palco de embates entre ruralistas e parlamentares que defendem a luta pelo acesso à terra. Nesta quarta-feira (31), os deputados da comissão ouviram o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil). Ex-presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Caiado disse que o MST é um movimento clandestino, pois não tem CNJP. E afirmou que “falsos assentamentos” eram utilizados para promover o tráfico de drogas.

Ele atribuiu a criação do MST ao teólogo Leonardo Boff, que teria angariado discípulos “travestidos de defensores dos pobres” para estimular a invasão de terras no Brasil. “Para combater as invasões, criamos a UDR e passamos a conscientizar os produtores rurais”, disse o governador.

Deputados progressistas da base do governo reagiram. Sâmia Bomfim (Psol-SP) lembrou que o governador tem “relações íntimas” com um empresário da indústria química que foi indiciado, em 2000, pela CPI do Narcotráfico, após ser flagrado “operando refino de cocaína”. De acordo com a deputada, o empresário foi um dos maiores financiadores das campanhas de Caiado. “E ele vai lá, e acusa o MST de ser narcotraficante”.

“Ele acusa o MST de uma série de barbaridades, mas esqueceu de dizer que seu tio Antonio Ramos Caiado está na lista suja do trabalho escravo. Foram encontrados quatro trabalhadores em situação análoga à escravidão dentro da sua carvoaria”, disse Sâmia. A parlamentar também citou que outro primo de Caiado também responde a uma série de inquéritos pelo mesmo motivo. E acusou a UDR de ter ligação com o assassinato do ambientalista Chico Mendes, em 1988.


Sem provas - Insistindo em criminalizar o MST, Caiado afirmou que várias apreensões de drogas teriam ocorrido em acampamentos do movimento. A presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), cobrou que o governador apresentasse provas dessas acusações. “A gente precisa parar com o preconceito. Nós não estamos falando de bandidos. Quando vocês falam de bandidos e criminosos aqui vocês estão atingindo mais de 450 mil famílias que trabalham de sol a sol”.

Além disso, Caiado também criticou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT por não saberem fazer política. Gleisi rebateu com ironia. “O senhor tem toda a razão, a gente tem que constituir maiorias para governar. Agora, acho que a gente entende um pouquinho de política, senão não estaríamos no quinto mandato presidencial nesse país’.

A petista lembrou ainda que a reforma agrária, bandeira do MST, é “capitalista” e nasce com a Revolução Francesa. “Vários países da Europa já fizeram, e não são socialistas”, disse a parlamentar

Carlinhos Cachoeira - Do mesmo modo, o deputado Paulão (PT-AL) também fez duros embates com Caiado. Disse que o governador foi “infeliz” quando generalizou, ao afirmar que o MST é uma “organização criminosa”. E assim, aproveitou a deixa para provocar o ruralista.

“A deputada Sâmia fez uma fala de um grande empresário da indústria química doador da sua campanha e indiciado na CPI do Narcotráfico; isso aí não dá direito de fazer um nexo causal com Vossa Excelência. Aí, uma declaração do ex-senador Demóstenes Torres, que o senhor conhece bem, que disse que, por três vezes, o bicheiro Carlinhos Cachoeira financiou sua campanha. Isso também é motivo de debate nesta Casa”, ironizou.

Caiado então acusou o parlamentar de promover um “julgamento inquisitivo” contra ele. “Você aqui não tem moral para se dirigir a mim. Não entre no CPF da pessoa. Você não me conhece, não sou da sua laia, não participo das suas bandalheiras”, reagiu. Em função do bate-boca, a sessão foi encerrada.  

Fonte: Brasil 247



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