segunda-feira, 12 de junho de 2023

Esquecimento marca os dez anos das jornadas de junho de 2013 no Sudeste, revela pesquisa Ipec

 No Sudeste, 40% dizem não lembrar das manifestações. Quase metade dos nordestinos dizem não ter apoiado os atos e não se arrependem disso

(Foto: ABr)


Dez anos após as jornadas de junho de 2013, um sentimento predominante no Sudeste é o de esquecimento em relação àquela fato político, revela pesquisa inédita do Ipec contratada pelo jornal O Globo. Enquanto isso, sulistas e nordestinos têm opiniões divergentes em relação aos protestos.

Os dados da pesquisa mostram que os moradores dos três estados do Sul (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná) tiveram maior envolvimento com as manifestações de 2013. Cerca de 20% dos sulistas afirmaram ter apoiado os protestos e se orgulharem disso, em comparação a 15% nas demais regiões do país. Por outro lado, quase metade (48%) dos nordestinos dizem não ter apoiado os atos e não se arrependem disso, enquanto no Sudeste essa taxa é de 35% e no Sul, 43%.

O Sudeste se destaca como recordista de esquecimento ou falta de resposta, com 40% dos entrevistados nessa categoria, especialmente nas grandes cidades onde ocorreram os principais protestos.

Além disso, os nordestinos são os que avaliam Junho de 2013 de forma mais negativa. Segundo a pesquisa, 30% dessa população considera que as consequências das manifestações foram "muito negativas". Essa taxa é menor para os moradores do Sudeste (18%) e do Sul (21%).

Um dado surpreendente revelado pela pesquisa é que, passados dez anos, um terço das pessoas entrevistadas não soube dizer ou preferiu não responder se consideravam os protestos de 2013 como positivos ou negativos para o país. Desse grupo, uma parcela significativa (18%) sequer sabia em quem votou no segundo turno das eleições de 2022.

O professor de ciência política da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Bruno Bolognesi, ressalta que a amnésia eleitoral no Brasil é muito alta e que as pessoas têm dificuldade em lembrar o que pensavam há uma década sobre política. Ele enfatiza que uma pesquisa que questiona o passado é relevante para compreender como as pessoas pensam atualmente, mas é necessário considerar que as memórias individuais são transformadas e apagadas ao longo do tempo.

A pesquisa do Ipec foi realizada com 2 mil entrevistados em 127 municípios, entre 1º e 5 de junho, e possui uma margem de erro máxima estimada de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, com um nível de confiança de 95%.

Fonte: Brasil 247 

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