Deputado Gustavo Gayer alega desconhecimento sobre mudança e ironiza autodeclarações
No último pleito eleitoral, o deputado federal bolsonarista Gustavo Gayer (PL-GO), que fez declarações racistas durante entrevista a um podcast, apresentou uma mudança surpreendente em sua autodeclaração étnica. Durante sua candidatura ao cargo de prefeito de Goiânia (GO) em 2020, ele se declarou como "pardo", mas ao disputar o posto que ocupa atualmente, em 2022, afirmou ser "branco".
Em resposta à Folha de S. Paulo, o deputado afirmou não ter conhecimento sobre quem o classificou "como branco, pardo ou azul nesse negócio", ironizando que normalmente é o partido que preenche essa informação. Ele ainda fez uma provocação, autodeclarando-se "moreno jambo" e "verde". Nas eleições de 2020, Gayer concorreu pelo partido DC (Democracia Cristã), enquanto em 2022 foi pelo PL.
A polêmica envolvendo o parlamentar começou após sua participação no podcast "Três Irmãos", quando o apresentador Rodrigo Arantes mencionou a existência de macacos com QI 90, contrastando com a média de QI de 72 na África. Gayer respondeu afirmando que a democracia na África não prospera por falta de "capacidade cognitiva". "Democracia não prospera na África. Por quê? Para você ter democracia você tem de ter um mínimo de capacidade cognitiva para entender entre o bom e o ruim, entre o certo e o ruim." O deputado alega que sua fala foi retirada de contexto e que seu argumento era relacionado à subnutrição, que influencia na capacidade cognitiva.
A fala de Gayer tomou grandes proporções, a ponto de despertar atenção de autoridades. O ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, enviou um pedido de providências ao Ministério da Justiça, à Polícia Federal, à Câmara dos Deputados e à Procuradoria-Geral da República contra o deputado. O advogado-geral da União, Jorge Messias, determinou à Procuradoria-Geral da União a análise de medidas jurídicas cabíveis. A deputada Duda Salabert (PDT-MG) e outros parlamentares solicitaram a cassação do mandato do deputado.
Vale destacar que, a partir das eleições de 2022, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou que a distribuição do Fundo Especial de Financiamento de Campanha e do tempo de propaganda eleitoral gratuita deve ser proporcional ao total de candidatos negros do partido. Essa decisão provocou desgaste para alguns candidatos, como o então postulante ao governo ACM Neto (União Brasil), que se autodeclarou pardo, resultando em críticas durante sua campanha.
O deputado Gayer também afirmou à coluna que não fez uso de qualquer valor proveniente do fundo eleitoral.
Fonte: Brasil 247 com Folha de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário