Pedido foi feito após perícia demonstrar que não é sua a voz de um áudio usado pelo ex-juiz suspeito para afastá-lo
O juiz Eduardo Appio, afastado da Operação Lava Jato na 13ª Vara de Curitiba, entrou com um pedido de medida liminar no Conselho Nacional de Justiça, alegando que não foi ele o autor das chamadas telefônicas que resultaram em sua punição, segundo informa o jornalista Jamil Chade. Em sua defesa, seus advogados apresentaram uma perícia que contradiz os laudos utilizados pela Polícia Federal em relação às supostas ligações.
De acordo com a nova perícia contratada pela defesa, não há garantias de que a voz nas gravações seja de Appio. A decisão de afastamento do juiz foi tomada pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), após Appio ser denunciado à Corregedoria Regional por supostamente ameaçar o desembargador federal Marcelo Malucelli, num áudio que foi levado ao tribunal pelo ex-juiz suspeito Sergio Moro, hoje senador.
Alega-se que Appio consultou, em um processo, o número de telefone de João Eduardo Barreto Malucelli, filho de Marcelo, por duas vezes no dia 13 de abril deste ano, pouco antes de João Malucelli receber uma ligação telefônica suspeita, solicitando informações sobre seu pai. Isso foi considerado uma possível tentativa de intimidação ou ameaça.
João Malucelli é sócio do escritório de advocacia do ex-juiz Sergio Moro, que já esteve à frente da Operação Lava Jato, e também é esposo da deputada federal Rosângela Moro. A defesa de Appio agora busca uma medida liminar que determine sua imediata reintegração ao cargo de juiz titular da 13ª Vara. O pedido de liminar afirma categoricamente que Appio não participou das supostas conversas telefônicas atribuídas a ele, argumentando que a perícia realizada de forma precipitada desrespeitou a cadeia de custódia.
Além disso, os celulares utilizados nas supostas conversas não foram apreendidos nem periciados. A violação da cadeia de custódia assume proporções especialmente graves quando consideramos o fato de que o Senador Sérgio Fernando Moro reconheceu explicitamente que atuou diretamente nas questões relacionadas ao presente pedido de avocação.
A nova perícia, realizada pelo escritório dos advogados Walfrido Warde, Pedro Serrano e Rafael Valim, conclui que não é possível afirmar que a voz nas gravações seja a de Appio. Segundo o especialista em fonética forense, "a análise é enfática ao corroborar a declaração de Appio, afirmando que não se pode atribuir ao peticionário a autoria da ligação telefônica".
Fonte: Brasil 247
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