Para Lucas Furtado, deve haver ação conjunta da PF e CGU. "Fica evidente que há uma tentativa de fugir à fiscalização", afirmou
O subprocurador-geral do Ministério Público junto ao TCU (Tribunal de Contas da União), Lucas Rocha Furtado, vai pedir à Corte a criação de uma força-tarefa com a Polícia Federal e a CGU (Controladoria-Geral da União) para investigar as despesas da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro pagas em dinheiro vivo.
Reportagem do UOL revelou a existência de diálogos entre o então ajudante de ordens do Palácio do Planalto, o tenente-coronel Mauro Cid, e assessoras da gestão de Jair Bolsonaro com a orientação para os pagamentos em dinheiro vivo.
A preocupação de Cid era que a prática fosse caracterizada como um esquema de rachadinha, porque não havia a comprovação da origem dos recursos. As conversas foram realizadas por meio de áudios enviados por um aplicativo de diálogos.
A PF investiga as transações financeiras de Mauro Cid e auxiliares do Palácio do Planalto e chegou a indícios da existência de um esquema de desvios de recursos públicos com o objetivo de bancar despesas da primeira-dama Michelle.
Segundo a Polícia Federal, a Cedro do Líbano Comércio de Madeiras e Materiais para Construção, empresa sediada em Goiânia com contratos com o governo federal, é a fonte de depósitos de pelo menos R$ 25.360 na conta do sargento Dos Reis. Dos Reis trabalhava sob as ordens de Mauro Cid, então ajudante de campo de Bolsonaro, no Palácio do Planalto.
O principal contrato da Cedro do Líbano é com a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), estatal que já foi alvo de operações da Polícia Federal que investigavam corrupção em contratos no Nordeste no ano passado.
O subprocurador-geral avaliou que os fatos revelados pelo UOL mostram uma "armação para driblar o controle". Lucas Furtado afirmou ainda que, para se concretizar, o pedido de força-tarefa deve ser aprovado pelo plenário do TCU.
"Fica evidente que há uma tentativa de fugir à fiscalização. Pagamentos em espécie são usados por parte de quem quer fraudar. Todavia, antes de qualquer sanção, deve ser assegurado o contraditório", disse Lucas Furtado.
A investigação da PF detectou que a primeira-dama Michelle Bolsonaro usava um cartão de crédito vinculado à conta de uma amiga sua, Rosimary Cardoso Cordeiro, que era assessora parlamentar no Senado.
Ao realizar quebras de sigilo bancário de Mauro Cid e outros funcionários do Planalto, a PF detectou depósitos em dinheiro vivo para Rosimary com o objetivo de custear as despesas com o cartão de crédito, tentando ocultar a origem dos recursos.
O ex-secretário de Comunicação de Jair Bolsonaro e advogado Fábio Wajngarten afirmou que "não há nada de ilegal nas transações efetuadas".
Fonte: Brasil 247
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