Suspeita é de que ele transferia recursos de sua conta para outros servidores, incluindo assessoras de Michelle. PF fala em "fortes indícios de desvio de dinheiro público"
Mauro Cid e Bolsonaro com Michelle (Foto: REUTERS/Adriano Machado | Alan Santos/PR)
247 - A Polícia Federal identificou um depósito suspeito de R$ 400 mil na conta do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), preso na semana passada no âmbito da Operação Venire, que investiga fraudes em cartões de vacinação contra a Covid-19 do ex-mandatário, além de seus familiares e aliados próximos. O depósito foi identificado após a quebra do sigilo bancário do militar.
Segundo a revista Veja, “a menção a essa transferência de R$ 400 mil reais para Mauro Cid acontece em um trecho do relatório no qual a PF esmiúça as contas bancárias ligadas ao militar. Durante a investigação, os agentes detectaram uma prática recorrente nas transferências. A suspeita é de que o tenente-coronel transferia recursos de sua conta particular para outros servidores ligados à Ajudância de Ordem, ou à Presidência. Esses funcionários, por sua vez, sacariam o dinheiro em espécie e repassavam o montante – também em espécie e repassavam o montante – também em espécie – a amigas da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, a pedido dela.
A reportagem aponta que os investigadores identificaram que os R$ 400 mil teriam sido depositados por João Norberto Ribeiro, tio da esposa de Mauro Cid, em 25 de março do ano passado. “João é sócio de Gilberto Santiago Ribeiro, irmão de Gabriela e cunhado do tenente-coronel Cid. Moraes determinou a quebra do sigilo bancário do tio de Gabriela para tentar descobrir do que se trata esse pagamento”.
A investigação apontou, ainda, um possível elo com pessoas próximas à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Algumas das transferências realizadas por Cid para auxiliares ligados à Ajudância de Ordem ou ao gabinete da Presidência da República teriam beneficiado Maria Helena Graces de Moraes Braga, que trabalhou no gabinete de Jair Bolsonaro entre 2015 e 2016, quando o ex-mandatário ocupava uma vaga na Câmara dos Deputados.
“Os elementos trazidos aos autos revelam fortes indícios de desvio de dinheiro público, por meio da Ajudância de Ordens da Presidência, destinado originalmente ao atendimento de despesas da Presidência da República, direcionando valores para pessoas indicadas por Giselle dos Santos Carneiro da Silva e Cintia Borba Nogueira Cortes, assessoras da primeira-dama Michelle Bolsonaro”, diz um trecho do relatório da PF, segundo a reportagem.
No dia 3 de maio, data em que foi realizada a operação que resultou na prisão de Mauro Cid pela PF, os agentes encontraram US$ 35 mil e R$ 16 mil em espécie na casa do militar. Existe a suspeita de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Nesta semana, foi revelado que familiares de Cid possuem imóveis nos Estados Unidos avaliados em mais de R$ 8,5 milhões.
O militar também é investigado pela PF pelo envolvimento na tentativa de liberação das joias sauditas - avaliadas em mais R$ 15 milhões - que deveriam ter sido incorporadas ao patrimônio Estado Brasileiro, mas que Bolsonaro tentou se apropriar.
Na quarta-feira (10), o advogado Rodrigo Roca renunciou à defesa de Mauro Cid nos inquéritos em que ele figura como investigado. Cid constituiu como seu novo defensor o advogado criminalista Bernardo Fenelon, que é especialista em crimes do colarinho branco e colaboração premiada.
O ingresso de Fenelon aumentou o receio entre aliados de Jair Bolsonaro de que o militar feche um acordo de delação e implique Bolsonaro diretamente nas investigações.
Fonte: Brasil 247 com informações da Veja
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