quarta-feira, 5 de abril de 2023

'Demorou, mas a conta começou a chegar para Bolsonaro', diz Bernardo Mello Franco

 "Pela primeira vez desde 1989, não tem mandato nem foro privilegiado para protegê-lo", diz o jornalista sobre o depoimento que Jair Bolsonaro prestará à PF nesta quarta-feira

Mello Franco e Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução | Alan Santos/PR)

247 - O jornalista Bernardo Mello Franco afirma, em sua coluna no Jornal O Globo, que após mais de 30 anos na política a “conta começou a chegar” para Jair Bolsonaro (PL). Mello Franco observa que durante o seu mandato à frente do Executivo Federal, o ex-mandatário “mentiu sobre a urna eletrônica e sugeriu que seria vítima de um complô. Enquanto isso, seus aliados usavam a máquina do governo para tentar roubar a reeleição”.

O ápice teria chegado no dia 30 de outubro do ano passado, data do segundo turno das eleições, com a montagem de barreiras ilegais pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) para impedir  a circulação de eleitores. 

“Os bloqueios tinham um alvo: as regiões onde Lula havia recebido mais votos no primeiro turno. Novos indícios complicaram a situação de Anderson Torres, mas nem o patriota mais delirante acreditaria que ele agiu por iniciativa própria. O ex-ministro da Justiça era um bolsonarista obediente”, observa o jornalista.  

“O delegado está preso há quase três meses, e seu novo advogado diz que ele só comentará as suspeitas nos autos. Seu silêncio ajuda o capitão, mas não significa que ele será o único a pagar pela trama contra a democracia”, ressalta.

Ainda conforme Mello Franco, o depoimento que Bolsonaro prestará nesta quarta-feira (5) à Polícia Federal, no âmbito do inquérito que apura o escândalo das joias sauditas introduzidas ilegalmente no país e que o ex-mandatário tentou se apropriar, poderá fazer com que ele seja indicado por peculato, e “se os investigadores não acreditarem em sua versão sobre os “presentes” de R$ 18 milhões, também poderá ser enquadrado por corrupção passiva.”

 “Em mais de três décadas na política, o capitão sempre agiu como se nunca tivesse que responder por seus atos. Parecia se julgar inimputável. Agora ele experimenta uma situação inédita. Pela primeira vez desde 1989, não tem mandato nem foro privilegiado para protegê-lo. Demorou, mas a conta começou a chegar”, finaliza.

Fonte: Brasil 247


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