O educador Daniel Cara disse ser necessário ainda ler a portaria do governo, mas disse que, se confirmada a suspensão da reforma, a vitória é dos ativistas que protestaram
Montagem: Daniel Cara (gravata vermelha), ministro Camilo Santana (Educação) e uma sala de aula (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado | Luis Fortes/MEC | Cecília Bastos/Jornal USP)
O educador Daniel Cara, professor de Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), celebrou a decisão do governo federal de suspender a implementação do 'novo ensino médio', reforma que foi aprovada após o golpe de 2016 e que, segundo críticos, prejudica a formação intelectual dos adolescentes brasileiros.
Cara está entre os principais críticos do novo ensino médio. Segundo ele, a reforma prejudica não só os alunos, como também professores, que muitas vezes se veem forçados a lecionar sobre áreas distintas de sua formação.
Em seu Twitter, Cara disse ser preciso ainda ler a portaria do governo que suspende a reforma, bem como as mudanças no Enem programadas para 2024. "Mas se confirmado a vitória é coletiva e é nossa", comentou.
"Política se faz com programa e princípios. Cidadão joga o jogo, não fica apenas na torcida".
No mês passado, estudantes em dezenas de cidades espalhadas pelo País saíram às ruas em protestos contra o novo ensino médio. Pressionados, o presidente Lula (PT) e o ministro da Educação, Camilo Santana, afirmaram depois que o novo modelo não iria seguir "do jeito que está".
Veja:
Mas o que é, afinal, o novo ensino médio?
A MP 746 baixada por Temer em 2016 instituiu, entre outros pontos, a política de incentivo à ampliação das escolas de tempo integral. Convertida na Lei 13.415 em 2017, a medida estabeleceu o novo ensino médio.
Previsto para se consolidar por completo nas escolas brasileiras até 2024, o novo modelo amplia o tempo mínimo do estudante na escola (de 800 para 1400 horas anuais) e institui uma nova organização curricular, incluindo a opção de formação técnica profissional.
As disciplinas são agora divididas em quatro grandes áreas do conhecimento: linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas. Estas devem ocupar 60% da carga horária do ensino médio.
As outras 40% são preenchidas pelos chamados itinerários formativos. São um conjunto de matérias complementares, acopladas de acordo com a área que o estudante escolhe para se especializar, como humanas, exatas ou biológicas.
Os nomes vagos ou incomuns das novas disciplinas têm rendido memes na internet. Entre eles, "O que rola por aí", "Torne-se um milionário", "Brigadeiro caseiro", "Mundo Pets SA", "Arte de morar", "RPG" e "Projeto de vida". Depois de escolher seu itinerário formativo, o estudante não pode mudar de ideia: tem de cursá-lo até se formar. (Com Brasil de Fato).
Nenhum comentário:
Postar um comentário