Legislativo de Apucarana volta a usar xícaras de cerâmica e copos de vidro como forma de incentivar mudanças de hábitos
Há duas semanas, a Câmara Municipal de Apucarana voltou a usar xícaras de cerâmica e copos de vidro para servir café, chá e água para visitantes, servidores e vereadores. A medida é um ato mais político do que econômico. A ideia é estimular o debate sobre o impacto ambiental do uso de plásticos na cultura cotidiana da sociedade.
Com a decisão, a Câmara deixa de consumir, a cada ano, uma média de 22 mil copos plástico para água, e outros quase 19 mil copinhos para café. A economia da Câmara com o banimento dos copinhos plásticos é muito pequena. Em 2022, por exemplo, segundo levantamento do almoxarifado da Casa, considerando as compras por setor, a cantina consumiu 21,9 mil copos de água, cujo custo total foi de R$ 924,35. No mesmo período, foram consumidos, ainda, 18,2 mil copinhos para café, adquiridos ao custo de R$ 401,98.
“O objetivo dessa medida não é econômico. A questão é ambiental e cultural. É uma tentativa de chamar a atenção das pessoas para a necessidade de mudarmos hábitos para reduzir o impacto ambiental”, diz o vereador Luciano Molina (PL), presidente da Câmara, um dos idealizadores da medida, adotada pela mesa diretora, composta ainda pelo vice, Tiago Cordeiro (MDB), o primeiro-secretário Rodrigo Liévore Recife União) e o segundo secretário, Mauro Bertoli (União). Molina já havia banido o uso de copos plásticos quando foi presidente da Câmara em 2019 e 2020.
Antes de adotar a medida, a mesa conversou e obteve apoio de todos os vereadores para substituir o uso de copos plásticos na Câmara. Todos estão incentivando os servidores dos gabinetes a adotarem também o uso de xícaras e copos reutilizáveis e a reduzirem o uso de plástico em casa.
O vereador Mário Felippe (PROS), por exemplo, diz que já vem há tempos, em casa e nas demais atividades sociais, revendo hábitos de consumo para reduzir o impacto ambiental. Para ele, embora muita gente tenha informações sobre os problemas ambientais, poucos realmente estão mudando os hábitos. “Não adianta termos a visão das coisas mas não termos atitudes para mudarmos”, diz.
Outro vereador que saiu em apoio ao banimento dos copos plásticos é Moisés Tavares (Cidadania). “Eliminar o uso de plásticos na Câmara é ótimo porque o Poder Público deve sempre dar exemplo de boas práticas”, diz. Para ele, a iniciativa tem série de reflexos. “É o tipo de medida que contribui para os esforços globais para o desenvolvimento sustentável, combatendo a pobreza, protegendo o meio ambiente e cuidando do clima. O exemplo do Poder Público estimula as pessoas e as empresas a reverem suas práticas de consumo e iniciativas como essa, embora pareçam pequenas e simples, fazem toda a diferença na somatória de esforços pela sustentabilidade”, destaca.
Moisés Tavares também lembra que a Câmara já tem um histórico de ações de sustentabilidade, citando como exemplo a adoção de um sistema de energia fotovoltaica, que permite a produção de energia limpa e a redução de custos no Legislativo local. A energia fotovoltaica foi implantada também na passagem anterior de Molina pela presidência da Câmara de Apucarana.
Com a decisão, os vereadores querem destacar alguns dados que justificam a mudança de hábito. O Brasil é considerado o quarto maior produtor de lixo plástico do mundo, atrás apenas de Estados Unidos, China e Índia. Segundo dados da World Wide Fund for Nature (WWF), uma organização não governamental internacional, fundada em 1961, que trabalha na área de preservação da natureza e redução do impacto humano no meio ambiente, o Brasil produz a cada ano pelo menos 11 milhões de toneladas de lixo plástico e recicla apenas 145 mil toneladas, ou seja, apenas cerca de 1,3% de todo o plástico que produz. A média global de reciclagem de plásticos é de 9%, segundo a WWF, com base em dados relativos a 2019.
Ainda de acordo com a organização, das quase 80 milhões de toneladas de resíduos sólidos produzidas anualmente no Brasil, 17% é plástico. E, em 2020, de acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública (Abrelpe), o volume de plásticos descartados no país aumentou, chegando a 13,3 milhões de toneladas.
Por mais que os copos plásticos sejam práticos e higiênicos, o uso indiscriminado na sociedade gera uma quantidade de resíduos que poderia ser facilmente evitada com a mudança de hábitos nas famílias, empresas e órgãos públicos.
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