terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

Sob pressão, Campos Neto pede a investidores "boa vontade" com governo Lula e diz que "é justo questionar juros altos"

 "Acho que é justo questionar juros altos, é importante que tenha alguém que faça esse papel no governo sempre, faz parte do jogo do equilíbrio natural", disse o presidente do BC

Roberto Campos Neto e Lula (Foto: Isac Nóbrega/PR | Marcelo Camargo/Agência Brasil)


247 - O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, pediu, nesta terça-feira (14), que os investidores tenham "um pouco mais de boa vontade" com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e afirmou que é “justo questionar juros altos”. O BC vem sendo alvo de duras críticas por parte do presidente Lula, de integrantes do governo e de aliados em função da manutenção da taxa básica de juros em 13,75% ao ano, a mais alta do mundo. 

"O investidor é muito apressado, é muito afoito. A gente precisa ter um pouco mais de boa vontade com o governo, 45 dias é pouco tempo. Acho que tem tido uma boa vontade enorme do ministro Haddad, de falar: olha, temos aqui um princípio de seguir um plano fiscal com disciplina, tem um arcabouço que está sendo trabalhado. Já foram elaborados alguns objetivos. A gente precisa ter um pouco de boa vontade", disse Campos Neto durante um evento com com investidores promovido pelo banco BTG Pactual, de acordo com o G1


A fala indica uma espécie de jogo duplo de Campos Neto. Enquanto em público dá declarações elogiosas ao governo federal, ele mantém a política monetária do governo Jair Bolsonaro (PL) - por quem foi indicado para a presidência do BC -, agradando o mercado e a elite financeira.

Segundo Campos Neto, é "justo" debater o atual patamar da taxa de juros. “Eu acho que é justo questionar juros altos, é importante que tenha alguém que faça esse papel no governo sempre, faz parte do jogo do equilíbrio natural. Quando os juros reais estão altos é importante ter o debate sobre por que está alto, é trabalho do Banco Central esclarecer e melhorar a comunicação". 

Campos Neto disse, ainda, acreditar ser possível ampliar os gastos sociais, como deseja o governo Lula, em paralelo com a responsabilidade fiscal. "Acho que dá pra fazer um fiscal responsável com social, dá pra casar. Tem de ter uma priorização de gastos, uma avaliação dos programas existentes", observou. 

Fonte: Brasil 247 com G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário