Série de reportagens da Agência Pública revela conteúdo de 233 sessões do comitê criado por Bolsonaro para “combater” a pandemia. Senadores planejam encaminhamentos
Os documentos não chegaram às mãos da CPI à época. Eles mostram, por exemplo, que o Ministério da Defesa se empenhou na produção de cloroquina, comprovadamente ineficaz para o tratamento da doença; como o governo se omitiu em relação à crise sanitária em Manaus; o conflito de interesse entre fabricantes de vermífugos sem eficácia para covid; e que o governo chegou até mesmo a cogitar a criação de um dia nacional do tratamento precoce. A Pública prepara novas reportagens da série para os próximos dias.
À agência, os senadores Omar Aziz (PSD-AM), que presidiu a CPI da Covid, e Renan Calheiros (MDB-AL), que foi o relator, afirmaram que vão pedir à PGR que volte a analisar o relatório final dos trabalhos da comissão. “Nós vamos pedir ao STF para reabrir algumas investigações que a própria PGR arquivou, com base nesses documentos que estão sendo divulgados”, disse Calheiros. Aziz informou que a cúpula que comandou a CPI vai se reunir após o carnaval para discutir os encaminhamentos.
No entanto, Calheiros avalia que o pedido deverá ser feito após a saída do atual procurador-geral Augusto Aras, em setembro, uma vez que ele é visto como aliado de Jair Bolsonaro.
“É uma pena que para as autoridades competentes que nós encaminhamos o relatório da CPI, como para a PGR, as coisas não andaram. É lógico que tendo fatos novos, eles podem ser estendidos àquilo que já tínhamos tratado”, ressaltou. “Fatos novos são importantes para pedirmos a reabertura das investigações”, acrescentou.
O relatório final da CPI da Covid sugeriu o indiciamento de 80 pessoas. Além de Jair Bolsonaro, seus filhos, ex-ministros, deputados federais, médicos e empresários. Com base nas conclusões da comissão, a PGR abriu dez investigações preliminares federais, médicos e empresários. Com base nas conclusões da comissão, a PGR abriu dez investigações preliminares contra Jair Bolsonaro, ministros e aliados do ex-presidente, mas já solicitou o arquivamento de ao menos nove.
Por sua vez, a presidenta do STF, Rosa Weber, negou a solicitação da PGR em três inquéritos. Neles, Jair Bolsonaro é investigado por charlatanismo, prevaricação durante a pandemia e emprego irregular de verba pública.
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