domingo, 5 de fevereiro de 2023

Acusados de financiar atos golpistas frequentaram “cercadinho” de Bolsonaro no Palácio da Alvorada

 

Três dos 52 suspeitos de financiar os atos golpistas que resultaram na depredação das sedes dos Três Poderes possuem registros de acesso ao chamado “cercadinho” do Palácio da Alvorada.

As anotações são de diferentes datas de 2020 e 2021, quando Jair Bolsonaro (PL) ainda era presidente da República e adotava o hábito de receber grupos de apoiadores pela manhã e pela tarde, nos momentos em que saía do Alvorada e regressava à residência oficial.


Márcia Regina Rodrigues teve o nome computado nos portões do Alvorada nos dias 20/2/2021 e 10/7/2021, no período da tarde.

Já o empresário João Carlos Baldan tem registro de acesso em 31/3/2021 e Pablo Henrique da Silva Santos, em 2/5/2020. Ambos foram cadastrados no início da manhã, por volta das 7h. Geralmente, esse tipo de anotação acontecia pela manhã ou no fim de tarde, horários em que o então presidente parava no local.

Os dados foram obtidos pelo Metrópoles via Lei de Acesso à Informação (LAI).

A reportagem solicitou registros de acesso aos palácios do Planalto e da Alvorada das 52 pessoas listadas pela Advocacia-Geral da União (AGU) como supostas financiadoras dos atos. As informações foram fornecidas pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

Segundo a Presidência, não foram encontrados registros sobre a entrada e saída dos nominados no banco de dados do sistema de controle de acesso ao Palácio do Planalto e anexos no período considerado (entre 2019 e 2020).

Durante o governo Bolsonaro, agentes do GSI faziam revista e cadastro de apoiadores que se dirigiam à área reservada para eleitores do então presidente. Eles passavam por um raio-X antes de entrar no “cercadinho”.

No início do mandato, o espaço era dividido com a imprensa. Bolsonaro respondia a perguntas de jornalistas e cumprimentava e tirava fotos com apoiadores.

No entanto, na pandemia de Covid-19, após uma série de ofensas disparadas a repórteres, os jornais deixaram a cobertura in loco e o então mandatário passou a receber apenas os apoiadores em uma área dentro do gramado do Alvorada, longe das câmeras de imprensa.

Em 11 de janeiro, a AGU apresentou à Justiça Federal do DF pedido de bloqueio de R$ 6,5 milhões em bens das pessoas e organizações que teriam custeado o transporte para os atos terroristas.

No dia seguinte, a AGU listou 52 pessoas e sete empresas suspeitas de financiar a ida de grupos para os atos antidemocráticos de invasão e depredação do STF, Palácio do Planalto e Congresso Nacional.

Segundo a AGU, essas pessoas e empresas fretaram ônibus para os atos golpistas em Brasília, no dia 8 de janeiro. A Advocacia-Geral fez o levantamento a partir de dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

O pedido de bloqueio tem base no prejuízo estimado de R$ 3,5 milhões, montante referente ao Senado, e de R$ 3,03 milhões, da Câmara dos Deputados. A AGU informou que o valor, de R$ 6,5 milhões, poderá aumentar após atualização do cálculo do prejuízo causado pelos criminosos.

A AGU argumentou à Justiça Federal que, diante dos atos ocorridos, a medida cautelar é necessária: “A gravidade dos fatos praticados, e nos quais os réus se envolveram, que, mais que lesar o patrimônio público federal, implicaram ameaça real ao regime democrático brasileiro, impõe uma resposta célere e efetiva”.

Fonte: Agenda do Poder com informações do Metrópoles


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