O Ibama lançou operações nesta semana no Pará, Roraima e Acre
Reuters - As primeiras operações contra o desmatamento ilegal da Amazônia sob o novo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva estavam ocorrendo nesta quinta-feira, depois da promessa de Lula de colocar fim à destruição florestal que aumentou muito na gestão de seu antecessor Jair Bolsonaro.
A Reuters acompanha com exclusividade a operações realizadas pelo Ibama no Pará para impedir que madeireiros e fazendeiros desmatem ilegalmente a floresta. O Ibama lançou operações nesta semana no Pará, Roraima e Acre, disse a coordenadora da agência ambiental Tatiane Leite.
Cerca de 10 agentes do Ibama embarcaram em picapes nesta quinta, saindo de sua base no município de Uruará, no Pará, juntamente com uma dúzia de policiais federais, em direção a uma reserva indígena onde imagens de satélite mostraram madeireiros e fazendeiros trabalhando no desmate ilegal da floresta. A missão visa impedir ou afastar os madeiros da realização de novas incursões na floresta e multar os que forem encontrados com madeira ilegal.
O governo Bolsonaro reduziu a quantidade de pessoal e o financiamento do Ibama para o combate aos crimes ambientais durante seus quatro anos de mandato, ao mesmo tempo que o ex-presidente criticava constantemente a agência ambiental pela imposição de multas a fazendeiros e garimpeiros.
Bolsonaro deu às Forças Armadas, e posteriormente ao Ministério da Justiça, autoridade para realizar operações de combate ao desmatamento, deixando o Ibama em segundo plano, apesar da ampla experiência e sucesso da agência no combate à destruição da floresta.
Uma área maior que o território da Dinamarca foi desmatada no governo Bolsonaro, em um aumento de 60% comparado aos quatro anos anteriores.
Na campanha eleitoral do ano passado, Lula prometeu novamente encarregar o Ibama de combater o desmatamento com aumento de pessoal e de recursos. Ele tomou posse em 1º de janeiro, por isso os recursos e pessoal adicionais ainda precisam chegar à linha de frente. Mas agentes do Ibama disseram à Reuters que já se sentem mais empoderados após Lula anunciar a proteção ambiental como uma de suas principais prioridades.
O governo Bolsonaro rejeitou vários pedidos da Reuters para acompanhar missões do Ibama durante o mandato do ex-presidente de 2019 a 2022. Seu governo emitiu uma ordem para que os agentes do Ibama não falassem com a imprensa, que os agentes disseram já ter sido revogado pela gestão de Lula.
"Divulgar as operações para dissuadir criminosos ambientais já é uma grande mudança. Isso não acontecia no governo anterior, cujo objetivo era mostrar que não estávamos fazendo nada", disse Givanildo dos Santos Lima, agente que lidera a missão do Ibama em Uruará.
Durante os oito anos que foi presidente, de 2003 a 2010, Lula assumiu o governo com o desmatamento da Amazônia em altas recordes e, por meio de um rígido combate aos crimes ambientais, o reduziu em 72%, perto das mínimas recordes, ao deixar o governo.
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