Via aérea é a principal rota de acesso aos garimpos ilegais; criminosos, inclusive, já sequestraram pistas de pouso oficiais na região e possuem rotas de tráfego na Venezuela
Após a reunião emergencial desta segunda-feira (30) com ministros e o comandante da Aeronáutica, Marcelo Damasceno, para balizar medidas de socorro aos ianomâmi, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determinou, como uma das ações prioritárias, o bloqueio do tráfego aéreo e fluvial clandestino de garimpeiros no território ianomâmi. A informação é da coluna Maquiavel da Revista Veja.
"As iniciativas visam combater, o mais rápido possível, o garimpo ilegal e outras atividades criminosas na região impedindo o transporte aéreo e fluvial que abastece os grupos criminosos. As ações também visam impedir o acesso de pessoas não autorizadas pelo
poder público à região buscando não apenas impedir atividades ilegais, mas também a disseminação de doenças", diz o Palácio do Planalto em nota oficial.
O presidente determinou que todas essas ações sejam feitas no menor prazo, "para estancar a mortandade e auxiliar as famílias Yanomami".
Sequestro de pistas de pouso oficiais e uso de helicópteros milionários por garimpeiros
Uma reportagem publicada pelo Estadão neste domingo (29) mostra que a via aérea é a principal rota de acesso aos garimpos ilegais, pela qual os garimpeiros transportam não
somente o minério extraído, "mas também insumos básicos da atividade criminosa, como combustível, peças e alimentos".
As rotas aéreas clandestinas do crime organizado na região revelam movimentações constantes entre os garimpos e a capital de Roraima, Boa Vista. Mas as viagens não se restringem somente a estes principais pontos: também há
tráfego frequente entre outras cidades do estado e até mesmo em municípios da Venezuela, que faz fronteira com vários pontos do território ianomâmi.
A reportagem também denunciou o sequestro, pelos garimpeiros, de pistas de pouso oficiais que haviam sido instaladas pelo governo para o transporte de insumos de saúde e alimentação aos indígenas: "foi o que aconteceu, por exemplo, na base de
Homoxi, no município de Alto Alegre. Até início de 2022, uma unidade básica de saúde funcionava ao lado desta pista de pouso. Em três meses, o local foi tomado pelos garimpeiros, que expulsaram as equipes de saúde e transformaram a unidade em um aeroporto do crime, com exploração de minério ao redor da própria pista", informa o Estadão.
As aeronaves utilizadas pelos garimpeiros refletem os valores movimentados pela atividade ilegal. O avião mais comumente utilizado é o Cessna 182, comercializado com o nome de Skylane, vendido no mercado
por cerca de R$ 400 mil. Já os helicópteros observados são dos modelos Robinson 44 ou 66, comercializados por valores a partir de R$ 3 milhões.
Fonte: Brasil 247
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